Carlos Manato: “Candidato de Bolsonaro ao governo sou apenas eu”
Aliado do Presidente nega rumores sobre sair da disputa e avisa que vai “enfrentar a esquerda”, com ou sem aliança entre PSB e PT
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O ex-deputado Carlos Manato (PL) segue pré-candidato ao governo do Estado, mesmo após uma série de rumores sugerirem que ele se retiraria da disputa em prol de uma aliança entre PL e Republicanos.
Em conversa com a reportagem de A Tribuna, Manato afasta mais uma vez essas “narrativas” de que não será candidato, convida o PP para sua chapa e provoca: diz que os outros pré-candidatos podem dizer e articular o que quiserem, mas que o representante do presidente Jair Bolsonaro no Estado é só ele “e mais ninguém”.
A Tribuna — O senhor já havia dito para nós, em março, que havia necessidade de realização de concurso público na segurança pública, citando um déficit de 2.100 praças no Estado. Recentemente, o governo abriu 1.059 vagas para a PM...
Carlos Manato — Pois é. Eu não sou novela, mas parece que o governo está me acompanhando. Eu falo disso há oito meses, não só desde março.
O Erick (Musso, presidente da Assembleia Legislativa), criticou, disse que não é suficiente, que tem de focar na estrutura. Erick precisa estudar um pouco e conversar com quem realmente discute a segurança no Estado. Se falta efetivo, tem de colocar efetivo.
Erick Musso está errado, e o governo certo?
Tem de avisar pro Erick que não falta viatura, armas, colete. Isso era pauta de 2017. Mas ele é jovem, tem muito a aprender ainda. Tem de ter concurso, sim. O ideal não era ser mil de uma vez, mas sim 500 em um concurso e 500 em outro, por exemplo.
Mas já que o governo fez assim, parabéns!
Eu agradeço. Anteciparam o que eu já iria dar início em janeiro. Botaram mil agora, botarei mais mil ao longo de 2023, dividido em dois concursos.
Vamos capacitar de forma que o profissional tenha menos meses de curso e uma carga horária maior. Será como na Medicina: o policial se forma no básico e já pode trabalhar, mas ao mesmo tempo vai se aprimorando com cursos fora da jornada de trabalho.
Só que falta ao governo fazer um plano de carreira melhor para a categoria, conversando com o setor. E investir no setor de inteligência da polícia, para aumentar sua eficiência e agilidade.
A maioria dos pré-candidatos critica o governo por falar da nota A na gestão fiscal enquanto há uma grande parcela da população na extrema pobreza. O que o senhor pensa disso?
A nota A tem de manter. Mas por que um estado tem tanto dinheiro, é nota A na gestão fiscal, e fica pegando tanto empréstimo? Tá pegando para fazer obras. Precisa? Tenho minhas dúvidas. No mais, são 1,1 milhão na linha da pobreza e 349 mil na miséria no Estado.
Então você tem de pegar essa nota A e transformar em investimento para atrair empresas, desburocratizar, facilitar para o empresário se sentir atraído a criar empregos. As pessoas querem um emprego melhor ou um trabalho fixo, e só assim se reduz a pobreza: qualificando e dando oportunidade.
Mas e a população na faixa da miséria?
Essa não tem jeito: precisa dos programas sociais. Essas pessoas estão no Auxílio Brasil, que é melhor do que o Bolsa Família porque você pode trabalhar e ficar mais dois anos no programa.
Precisamos ampliar a oferta dos programas sociais e faremos isso com quem melhor atua na área: as igrejas. Vamos selecionar com as igrejas os melhores projetos sociais e investir neles, amplificar o que já está sendo feito e potencializar o que funciona.
O que o senhor tem a dizer sobre os rumores frequentes envolvendo uma retirada de seu mandato em favor de uma aliança entre PL e Republicanos?
É narrativa. Tem gente que vive de desqualificar os outros. Primeiro falaram que Bolsonaro não gostava mais de mim e que eu não ia disputar. Aí eu me filio ao PL e viro o pré-candidato dele, segundo o próprio.
Aí inventam que vai ter união de chapa com o Republicanos. Nunca existiu isso. Como vou sair para alguém que pontua menos do que eu? Depois inventaram que Soraya (Manato, mulher do ex-deputado) seria vice do Erick. Olha, com todo respeito, a Soraya tem mais potencial que esse pessoal. Para quê ela ia querer ser vice do Erick?
As coisas só vão entrar no lugar depois que minha candidatura estiver registrada oficialmente. Aí vão entender que o candidato do Bolsonaro ao governo do Estado sou eu, e mais ninguém.
“Erick (Musso) precisa estudar um pouco e conversar com quem realmente discute a segurança no Estado” Manato, pré-candidato ao Governo do Estado
O senhor tem conversado com outros partidos? PP, PSDB e MDB são considerados potenciais “noivas”, já que seus apoios são desejados...
São noivas realmente, mas estão esperando um noivo específico: o (governador Renato) Casagrande. (A senadora) Rose de Freitas é bem clara sobre isso. O PP também. O PSDB está mais livre, mas nos bastidores fala-se em Ricardo Ferraço (ex-senador) na chapa dele.
Eu já pedi para conversar com o PP. As minhas portas estão abertas. Gostaria de convidá-los porque somos base aliada de Bolsonaro. Seria um prazer ter um membro do PP como vice.
E os pré-candidatos?
Converso com todo mundo, mas pensando no segundo turno. Digo que, se eu não for ao segundo turno, nem precisam me ligar. Eu anunciarei publicamente meu apoio a quem estiver lá contra o Casagrande. Não quero cargo, só quero o fim dessa “dança das tesouras” que já dura 20 anos por aqui.
O que achou de Guerino Zanon (pré-candidato ao governo do Estado) pedir ajuda do (deputado federal) Evair de Melo para montar um plano de governo na área da agricultura?
Ué, ele não era “gestor”? E de um município extremamente agrícola? Só agora vai discutir agricultura? Porque precisa de ajuda para montar plano de governo para essa área? Olha, eu não fui gestor, mas meu projeto já está pronto há mais de um ano. Se o Guerino precisar de umas dicas, pode me ligar.
“Já pedi para conversar com o PP. Somos base aliada de Bolsonaro. Seria um prazer ter um membro do PP como vice” Manato, pré-candidato ao Governo do Estado
O que o senhor tem a dizer sobre as recentes reuniões de PT e PSB, que indicam retirada da pré-candidatura do (senador) Fabiano Contarato ao governo?
Estão fazendo um malabarismo numa coisa que é simples de resolver. É só fazerem coligação e o PT lançar um senador independente. Mas não é problema meu. Com ou sem Contarato, não faz diferença alguma. Enfrentarei a esquerda, estejam eles sozinhos ou juntos.
Como será a vinda de Bolsonaro este mês, à Marcha para Jesus? Haverá agenda política?
Tem de separar as coisas. A Marcha é um evento religioso. Bolsonaro também virá depois ao Estado, em agosto ou setembro. Em julho o foco é no aspecto religioso. Talvez teremos uma motociata, de Guarapari para encontrar a Marcha em Vitória. Mas o evento em si terá louvor e música gospel. Nada de discurso para promover políticos.
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