Juízes acusados de vender sentença continuam presos
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Os juízes Alexandre Farina Lopes e Carlos Alexandre Gutmann, do Fórum da Serra, que são investigados por suposta venda de sentença, continuam presos no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar (QCG), em Maruípe, Vitória.
A prisão preventiva dos magistrados foi decretada pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), por unanimidade, em sessão do Pleno, na última quinta-feira (29). No dia seguinte, a desembargadora Elizabeth Lordes, que é a relatora do processo, negou o pedido das defesas de que a prisão preventiva fosse convertida em domiciliar.
A investigação teve início após terem sido encontradas mensagens trocadas entre Farina e o ex-policial civil Hilário Fiorot Antonio Frasson, acusado de ter mandado assassinar a médica Milena Gottardi, sua ex-mulher.
Nas conversas, eles negociavam o recebimento de vantagem indevida, intermediada por Hilário, para favorecer o empresário Eudes Cecato em um processo.
Confira a nota da defesa de Carlos Alexandre Gutmann
"O Juiz Carlos Alexandre Gutmann teve seu nome usado de modo unilateral e desautorizado em conversas das quais nunca participou.
Apesar da comunicação registrada nos autos, é preciso deixar claro que não há uma só mensagem que tenha partido do Juiz Gutmann ou que tenha sido a ele enviada pelos suspeitos.
Gutmann está sendo massacrado por ter examinado um processo e por ter dado uma decisão juridicamente fundamentada, a respeito da qual desconhecia, totalmente, a existência de bastidores envolvendo tratativas ilícitas - as quais repudia.
O juiz tem se colocado à disposição das autoridades desde o início das investigações. Abriu mão de sua prerrogativa funcional de ser ouvido pela desembargadora relatora do caso e declarou toda a verdade na sede do GAECO/MPES, demonstrando seu claro e sincero desejo de provar sua inocência.
Gutmann nunca trocou de aparelho celular ou de chip de telefonia. Não apagou mensagens, não destruiu evidências, não realizou qualquer ato de eliminação de provas ou de obstrução da Justiça. Mantendo a coerência, submeteu-se à decisão do Egrégio Tribunal de Justiça do Espírito Santo e se apresentou voluntariamente para o cumprimento da prisão preventiva decretada.
Segue, apesar de tudo, com o firme propósito de cooperar e com a absoluta confiança de que a elucidação dos fatos trará a verdade e, consequentemente, levará à sua absolvição"
Confira a nota enviada pela defesa de Alexandre Farina na sexta (30).
"Apesar dos argumentos jurídicos apresentados pela relatora do caso, desembargadora Elizabeth Lordes, a defesa do juiz Alexandre Farina Lopes discorda integralmente da decretação de prisão preventiva. Isso porque, há menos de 15 dias, em sessão do Pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), foram analisadas e deferidas medidas cautelares de natureza pessoal, ou seja, diversas da prisão preventiva. Desde então, não há qualquer interferência nas investigações por parte dos investigados, em especial, do magistrado Alexandre Farina Lopes. Diante disso, a prisão preventiva neste momento é descabida e desnecessária, o que será demonstrado pela defesa em recurso próprio".
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