Grupo é suspeito de aplicar golpe milionário usando cartões de alimentação clonados
Quatro homens foram presos, suspeitos de participação no esquema. Segundo a polícia, eles compravam bebidas alcoólicas e energéticos para revenda
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Quatro homens foram presos suspeitos de fazerem parte de uma organização criminosa que teria utilizado cartões clonados de alimentação para realizar diversas compras em supermercados no Estado. Segundo a polícia, eles compravam principalmente bebidas alcoólicas e energéticos para revender ao mercado.
As investigações apontam ainda que o prejuízo causado pelos criminosos à empresa que administra os cartões de benefício passa de R$ 1 milhão.
Os suspeitos, de 21, 24, 25 e 26 anos, foram presos na última quinta-feira (28), durante a operação Renocrim, deflagrada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco). Eles responderão pelos crimes de estelionato e associação criminosa. As ações foram realizadas nos municípios de Cariacica, Vila Velha e Guarapari.
De acordo com o titular da Draco, delegado Tarik Souki, o grupo criminoso teve acesso ao banco de dados da empresa administradora dos cartões, utilizando uma técnica que não foi revelada pela polícia, já que ainda está sendo alvo de investigação. A partir daí, os criminosos tiveram acesso a informações sigilosas, como número do cartão, nome do beneficiário, senha e saldo.
Segundo o delegado, esses cartões eram clonados e distribuídos a indivíduos denominados "lagartos". "Eles eram os responsáveis diretos pelas compras nos supermercados, utilizando os cartões clonados. Imagens de videomonitoramento registraram os suspeitos com vários cartões, verificando senhas até conseguirem concluir as compras, sempre de alto valor".
O delegado explica ainda que as bebidas eram vendidas principalmente para distribuidoras. O produto foi escolhido pelos criminosos, segundo Tarik Souki, porque possui um giro rápido no mercado, facilitando a conversão em dinheiro. No entanto, também foram identificadas compras de eletrodomésticos, roupas e alimentos.
As investigações tiveram início quando beneficiários dos cartões começaram a relatar à empresa que seus saldos estavam zerados, embora os valores já tivessem sido depositados.
"Após diversas reclamações, a empresa percebeu que estava sendo alvo de um golpe. Ao investigar, constatou-se que os prejuízos ultrapassavam a casa de milhões de reais. Além disso, a colaboração dos supermercados foi essencial. Eles cederam imagens de monitoramento que mostram os suspeitos realizando compras vultosas, muitas vezes com vários cartões. Em alguns vídeos, é possível vê-los retirando diversos cartões do bolso, tentando diferentes senhas, até conseguirem completar compras de R$ 5 mil a R$ 6 mil. Os supermercados também ajudaram a identificar os veículos usados pelos criminosos”.
Ainda de acordo com a polícia, o grupo criminoso possui conexões em diversos estados brasileiros, e o golpe vinha sendo praticado em várias localidades. As investigações continuam para identificar os demais envolvidos e para desarticular completamente a organização.
Ligação com o tráfico de drogas
Com um dos indivíduos presos, foram apreendidas quantidades significativas de entorpecentes, incluindo 21 comprimidos de êxtase, duas porções de haxixe, 28 porções de maconha e 36 porções de cocaína. Os presos foram encaminhados ao presídio.
Segundo Tarik Souki, existe a possibilidade de que o esquema tenha ligação com o tráfico de drogas, já que, durante a operação, foi apreendida uma quantidade considerável de entorpecentes. Em outros estados, as prisões realizadas no âmbito da mesma operação revelaram conexões mais diretas com o tráfico de drogas.
De acordo com o delegado, a informação de haver ou não colaboração de alguém de dentro da empresa de cartões ainda está sob investigação. "O grupo conseguiu acesso ao banco de dados da empresa por meio de uma técnica específica que, no momento, não podemos revelar para não comprometer as próximas fases da investigação".
As investigações agora focam em identificar os líderes da organização criminosa, responsáveis por transformar os produtos adquiridos em dinheiro e movimentar os lucros do esquema. Além disso, busca-se descobrir quem estava no topo da cadeia, administrando o golpe e os recursos financeiros.
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