X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Polícia

Aulas de defesa pessoal contra estupro e agressão

Estado já registrou 15 feminicídios em 2022, enquanto o País contabiliza sete casos de estupro de mulheres a cada hora


Em um Estado com 15 casos de feminicídios, somente neste ano, que faz parte de um País onde 7 mulheres são vítimas de estupro por hora, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, muitas capixabas buscam em clubes de tiros e nas aulas de artes marciais uma forma para tentar garantir a própria segurança. 

Imagem ilustrativa da imagem Aulas de defesa pessoal contra estupro e agressão
Com medida protetiva e medo de ser agredida pelo ex, Priscila Oliveira só teve paz após aprender a atirar |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

O instrutor de armamento de tiros, que também ministra cursos de defesa pessoal para mulheres, Gledston Marcondes afirma que a procura cresceu 100% em relação ao ano passado. Durante o curso ministrado por ele, as alunas aprendem técnicas para se defender dos possíveis agressores.

“São mulheres de 19 a 70 anos que me procuram não especificamente para ter a posse ou o porte de arma, mas para aprender a se defender. Elas aprendem desde manusear uma arma até as técnicas de defesa para conseguirem sair de uma situação de risco”, detalha o professor Marcondes, que leciona o curso “Batom de Pólvora".

Uma dessas mulheres que procurou ajuda do instrutor e fez o curso é a gerente de Unidade de Saúde, Priscila Oliveira, de 39 anos. Após viver um relacionamento abusivo por vários anos e ser agredida pelo ex-marido, ela não se sentiu segura apenas com a medida protetiva, solicitada e cedida pela Justiça. Ela decidiu, por conta própria, a frequentar aulas de defesa pessoal.

“Eu tinha medo de sair na rua. Não andava sozinha com medo do meu ex-marido aparecer. Depois que eu fiz as aulas de defesa pessoal, ganhei de volta minha liberdade. Acredito que meu ex, ao saber que eu tinha feito aulas de tiro, se sentiu intimidado”, afirma a mulher.

Além de Priscila, várias outras mulheres têm procurado os clubes de tiros, inclusive, em outras regiões do Estado. 

“Aqui em Cachoeiro de Itapemirim, elas vêm com foco em resguardar sua vida e de sua família, filhos principalmente. Muitas devido à crescente violência que leva ao feminicídio”, afirma o instrutor Bruno Marchiori que faz parte da escola de tiros Rota Militar, na cidade que fica no Sul do Estado.

Os números:

Violência doméstica 

Total de registros em 2022 no Estado: 8.809 (janeiro a maio)

O equivalente a 59 casos por dia

Grande Vitória em 2022:   3.030

Total de registros em 2021 no Estado: 7.882

O equivalente a 53 casos por dia

Grande Vitória em 2021:   2.629

Dias em que mais acontecem:

Segunda:  20,5%

Domingo:  19,0%

Fonte: Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (SESP)

Imagem ilustrativa da imagem Aulas de defesa pessoal contra estupro e agressão
Vítima registra caso na delegacia |  Foto: Arquivo/AT

“Fiz aula de tiros e Krav Maga”

 Cansada  de ser maltratada e agredida pelo ex-marido, a gerente de unidade de saúde, Priscila Oliveira, de 39 anos,  decidiu colocar um ponto final no relacionamento do casal e acionar a polícia. 

Entretanto, nem a medida protetiva que recebeu da Justiça  foi o suficiente para trazer tranquilidade. Ela  decidiu buscar ajuda nas aulas de defesa pessoal.  

A Tribuna - Por que decidiu a fazer aulas de defesa?

Priscila - Porque eu precisava me sentir segura. Eu fui vítima de violência doméstica. Descobri traições do meu ex-marido e quando fui questioná-lo, ele me agrediu. Pedi medida protetiva à Justiça,  mesmo assim não me sentia segura. Tinha medo que ele fizesse algo comigo.

E aí decidiu fazer as aulas?

Exatamente. Assistia aos noticiários e sempre  via que mesmo com a medida, muitas mulheres eram mortas. Achava que ele podia fazer algo comigo e busquei ajuda. Meu  objetivo era me defender.

Como foi o curso?

Eu fiz um treinamento no Clube de Tiros de Vila Velha, onde fiz aula de tiro. Fiz também  Krav Maga, que é uma  técnica israelense de defesa. Eu tinha medo de sair. Vivia presa em um mundo estranho e depois que eu fiz a defesa, ganhei de volta até minha auto-estima.

Ao fazer as aulas você acabou inibindo seu ex?

Acho que sim. Tanto é que, depois que comecei a fazer as aulas, ele nunca mais veio atrás de mim. 

O que você diria para mulheres que vivem um relacionamento abusivo?

Mulher, encontre em você um amor próprio. Goste da sua própria companhia!  A mulher tem de   amar a si mesma! Primeiro goste de você, das coisas que você faz, para depois ser amada por outras pessoas.


Famílias  inteiras em clubes de tiro

Além das mulheres que são vítimas dos mais variados crimes, diariamente, as famílias também são alvo de bandidos que estão invadindo suas residências. Somente nos seis primeiros meses do ano, o Estado registrou 3.391 invasões de casas e condomínios, o equivalente a 18 casos por dia, segundo a Secretaria de  Segurança. Os crimes têm feito com que pais, mães e filhos  frequentem  clubes de tiro.

“Muitas  famílias me procuram. O receio é da casa ser  invadida por bandidos mesmo”, afirma Gledston Marcondes, instrutor de armamento de tiros e responsável por  ministrar um curso direcionado para a proteção das mulheres. 

Entre as famílias que procuraram o instrutor para realização do curso, ele relata a história de uma que foi vítima de invasão em um sítio.

“Eles são da Grande Vitória. Era um casal e um adolescente de 16 anos, que foram vítimas de um roubo no sítio deles. Cercaram o local, invadiram e roubaram muita coisa. Depois disso, todos fizeram curso de tiro”, contou Marcondes sem revelar onde fica a propriedade, por medida de  segurança.


Sem limite de idade: Idosa faz aula de tiro

Uma idosa de 72 anos, moradora de Vitória, decidiu entrar para um curso de tiro, a fim de garantir sua própria segurança. Ela era casada com um militar do Exército e se viu desprotegida ao perder o marido.

Com receio de ter a casa invadida por algum criminoso, ela enfrentou o medo que tinha de armas de fogo e entrou para um curso de tiro específico para mulheres que desejam garantir sua própria segurança.


Análise

"Incapacidade em proteger mulheres"

“Mais uma vez, a sociedade paga o custo dobrado pela incompetência do Estado. O gigantesco aumento de mulheres em busca de cursos e treinamentos de segurança pessoal, retratam a nervosa e altamente perigosa incapacidade em proteger mulheres em situação de riscos causados pela violência doméstica. Acredito que o número de mulheres em busca de formas de se proteger, seja maior! Da mesma forma que os números da violência doméstica certamente são muito superiores, diante das dificuldades que as mulheres enfrentam para comunicar, para denunciar e para se protegerem de seus agressores.”

Emir Pinho, especialista em Segurança Pública e Privada

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: