Ex-vice-prefeito de Itu, empresário famoso no ramo do futebol é preso em Olinda
Homem que chegou a transformar o Ituano no time dos sonhos cometeu assassinato e tentativa de homicídio 18 anos atrás
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A Polícia Civil de Pernambuco anunciou, nesta segunda-feira (11), a prisão de Élio Aparecido de Oliveira Júnior, ex-vice-prefeito de Itu e ex-diretor-geral do time de futebol Ituano, de São Paulo. Considerado um famoso homem de negócios, chegando a transformar o Ituano numa vitrine do futebol entre 1999 e 2005, o empresário conseguiu escapar da Justiça por quase duas décadas, depois de cometer um homicídio e uma tentativa de homicídio em 2006.
Oliveira Júnior foi localizado, na última quarta-feira (13),em Olinda, onde vivia desde dezembro de 2023 sob identidade falsa. A captura foi resultado de uma operação conjunta entre as polícias civis de Pernambuco e Alagoas, que confirmaram o endereço do ex-prefeito em um hotel na cidade olindense.
Segundo o delegado Cláudio Castro, responsável pela prisão, ao ser abordado, Oliveira Júnior apresentou documentação falsa e alegou ser outra pessoa.
“Ao bater a porta do seu apartamento, ele nos recebeu, apresentou documentação falsa, afirmando tratar-se de outra pessoa, mas era inegável que ele se tratava da pessoa que estávamos à procura”, declarou Castro. A polícia executou o mandado de prisão que já havia transitado em julgado e, além disso, autuou o suspeito em flagrante por falsidade ideológica.
O crime pelo qual Oliveira Júnior foi condenado ocorreu em 2006, quando ele e outros três indivíduos foram acusados de emboscar o advogado Humberto da Silva Monteiro e o radialista Josué Dantas, em Itu, resultando na morte do advogado e ferimentos no radialista.
O delegado Castro explicou que Oliveira Júnior foi julgado e condenado a 20 anos de prisão em 2015, mas ele continuou recorrendo em liberdade até que, em 2017, um novo mandado de prisão foi emitido, levando-o a fugir de São Paulo.
Após passar por diversos locais, incluindo a Paraíba, Oliveira Júnior se fixou em Olinda, onde acreditava estar fora do alcance das autoridades. Contudo, em dezembro de 2023, um mandado de prisão definitivo foi emitido, levando a polícia a intensificar as buscas, culminando na sua prisão recente.
Além da condenação pelo homicídio, Oliveira Júnior enfrenta agora uma nova acusação por falsidade ideológica. Não foi a primeira vez que ele apresentou documento falso à polícia.
Em 2018, ele ficou preso 18 meses na cidade de Cubati, na Paraíba, utilizando documentos falsos, tendo ficado livre por meio de um habeas corpus.
Em 2019, depois de ser preso e solto, como se nada tivesse acontecido, Oliveira Júnior chegou a dizer que pretendia voltar ao mundo do futebol, onde teve sucesso como agente de muitos atletas e projeções, como Roberto Carlos, Mineiro, Leandro Amaral, Junior (lateral esquerdo do Palmeiras), Kleber, do Corinthians, entre outros.
"Cheguei a ser procurador simultaneamente de mais de 180 jogadores no Brasil e no mundo”, disse ele, na época. Na última quarta-feira, após ser preso num hotel no bairro de Casa Caiada, em Olinda, chegou a dizer ` polícia que “estava quebrado”.
Entenda os crimes
Segundo uma matéria divulgada pelo em 2014 pelo Estadão, Oliveira Júnior, então vice-prefeito de Itu pelo PL e presidente do Ituano Futebol Clube, estava em conflito com o prefeito Herculano Passos Junior, à época filiado ao PV.
Esse desentendimento político foi agravado por críticas que Oliveira recebia de um radialista em programas de rádio locais, tornando o clima ainda mais tenso. O radialista virou o alvo principal do então vice-prefeito, que se tornou mandante de uma emboscada. Segundo as investigações, Oliveira Júnior teria contratado quatro homens para atacar o radialista.
O radialista dirigia um veículo, ao lado do advogado, quando foi alvejado, no ano de 2006. No dia do crime, os suspeitos emboscaram o carro das vítimas no centro de Itu. Dois dos agressores estavam em uma moto e dispararam contra o veículo, atingindo fatalmente o advogado que acompanhava o radialista, com um dos tiros acertando-o na nuca.
Três dos envolvidos foram condenados, com penas que variam de 10 a 16 anos de prisão. Na época, Oliveira Júnior se declarou inocente e sua defesa questionou a solidez das provas apresentadas. Num julgamento de 12 horas, ele foi condenado pelo Júri Popular a 20 anos de prisão, mas recorreu dos crimes em liberdade e fugiu.
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