Wilson Campos Neto, acusado de feminicídio, é julgado no Recife após adiamento
Empresário responde por feminicídio contra Gisely Kelly Tavares em 2017 no bairro do Rosarinho, no Recife
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O Júri Popular do empresário Wilson Campos de Almeida Neto, de 48 anos, acusado de matar a namorada Gisely Kelly Tavares com um tiro na cabeça, começou na manhã desta quarta-feira (27).
O réu está sendo julgado pelo crime de feminicídio no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, localizado na Ilha de Joana Bezerra, área central do Recife.
A sessão, inicialmente prevista para 20 de novembro, havia sido adiada a pedido da defesa. Os advogados alegaram que novos documentos foram incluídos no processo fora do prazo legal e que o réu, hipertenso, apresentou alterações de pressão no dia marcado.
A promotoria concordou com o adiamento, e a juíza Maria Segunda Gomes de Lima, da Segunda Vara do Tribunal do Júri da Capital, remarcou o júri para esta semana. O caso foi acompanhado na parte da manhã pela repórter Luciana Queiroz e exibido no JT1, da Tribuna/Band, apresentado por Artur Tigre.
“[Quando foi morta], a vítima estava vulnerabilizada pelo álcool, no dia imediatamente após o aniversário dela, na madrugada do aniversário dela. Mas essas testemunhas trazem muito de quem é o acusado. Os jurados precisam conhecer quem é o Wilson? Como ele vivia? Como ele trabalhava? Como ele se relacionava? Como ele tratava as mulheres? E é isso que a gente vai trazer para que a sociedade julgue com prontidão e certeza daquilo que está fazendo. E acreditamos, sim, que haverá a devida condenação já esperada por sete anos”.
Para o advogado de defesa, o tiro que Wilson Neto deu na vítima, na cabeça, foi acidental, por isso, ele não vai pedir a absolvição, mas a condenação por homicídio culposo.
"Imediatamente após o fato, ele [Wilson] procurou a autoridade policial e contou tudo, disse que foi um tiro acidental e assumiu a responsabilidade. Esse tiro acidental é culposo. Não é um crime doloso, essa é a nossa tese. Ele quer ser punido pelo ato que praticou, que é responsável por aquilo", declarou o advogado de defesa do réu, Célio Avelino.
O depoimento da irmã como informante
Durante o julgamento, cinco testemunhas de acusação e duas de defesa foram ouvidas. Carla Tavares, irmã da vítima, prestou depoimento como informante.
Ela relatou que viu a irmã pela última vez em um momento de desentendimento com Wilson. Gisely, que trabalhava na empresa de limpeza do empresário, havia iniciado na área administrativa e depois se tornado sua secretária.
Segundo Carla, Wilson tinha um comportamento abusivo e violento no ambiente de trabalho, consumia bebidas alcoólicas durante o expediente e costumava portar armas.
O crime ocorreu em 19 de julho de 2017, no apartamento onde o casal vivia há cerca de dois meses, localizado no bairro do Rosarinho, na Zona Norte do Recife.
Gisely foi encontrada morta no banheiro do imóvel, sem roupas. Na noite do assassinato, o casal havia participado de uma festa para celebrar o aniversário de Wilson. A vítima deixou um filho de 16 anos.
Imagens mostram empresário na cena do crime
Imagens de câmeras de segurança mostraram o empresário deixando o edifício após o crime. Ele fugiu e só foi preso depois de se apresentar à polícia.
Wilson permaneceu cerca de três anos na prisão, mas foi liberado durante a pandemia de COVID-19, sob justificativa de problemas de saúde.
Na abertura da sessão, a defesa solicitou novo adiamento, alegando falta de provas técnicas, mas o pedido foi negado pela juíza Maria Segunda Gomes de Lima.
A promotoria sustenta que há evidências suficientes para que o réu seja responsabilizado pelo assassinato de Gisely Kelly Tavares.
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