Medo de amar
Os romanos desenvolveram a ideia de prudência, de lutar contra o amor, visando evitar o sofrimento do amor. Para o poeta-filósofo Lucrecio, o amor sexual apaixonado devia ser cuidadosamente evitado: “Esse tipo de amor forma hábito; provoca atos frenéticos e irracionais, consome as energias do amante e desperdiça-lhe a substância.”
O homem prudente
Mas se alguma mulher começa a afetar o homem, inspirando-lhe amor, o homem prudente afasta seus pensamentos para longe do amor, sabendo que o amor é uma doença. Se o homem sente falta de afeto, trata de satisfazer-se com as relações mais fáceis sem deixar-se perturbar pelas emoções.
Todos os defeitos
Lucrecio dizia que o homem prudente deliberadamente estuda os defeitos da mulher, de modo a contemplá-la em retrato de corpo inteiro. Ao invés de lhe admirar loucamente, ele percebe que ela é suja, que possui seios balançantes e que faz uso da linguagem sem escrúpulos.
O homem prudente lembra a si mesmo que até a mais bela mulher faz as mesmas coisas que a mulher feia: sua, elimina dejetos e abafa os cheiros corporais com perfume. “O homem racional não se deixa ludibriar.”
Mantendo distância
Passaram-se 2 mil anos e muitas pessoas ainda sentem medo de amar. Evitam qualquer relação mais frequente, tentando não se tornarem íntimas do outro. Muitas vezes a pessoa rompe, magoa a outra pessoa, cria situações de brigas.
Pode criar também expectativas impossíveis de serem realizadas. O medo das consequências do amor é grande — medo de não ser gostado e de ser abandonado... o que limita bastante a vida.
Confiar em si mesmo
“As pessoas com dificuldade nos contatos pessoais são indivíduos fechados numa dura couraça que protege um núcleo central inseguro e mole. Todo processo de amadurecimento pessoal consiste nessa progressiva conquista de uma cada vez maior confiança em si mesmo. Só nessas condições uma pessoa poderá baixar a guarda sem medo e transformar a couraça numa membrana periférica e permeável às trocas com os outros”, diz Donald Winnicott, psicanalista inglês.
Sem uso da força
O filósofo alemão Theodor Adorno assinala um ponto importante. Ele diz: “Só nos ama aquele junto a quem podemos nos mostrar fracos sem provocar a força.” Muitas vezes uma pessoa ao ver o parceiro fragilizado, aproveita para exercer o seu poder sobre ele.
Relação de casal
Jürg Willi, professor de Medicina psicossocial da Universidade de Zurique, Suíça, acredita que para duas pessoas elaborarem um mundo comum é preciso negociar juntas certas estruturas que dizem respeito ao sentido e ao objetivo da relação de casal.
O desenvolvimento pessoal de cada um implica redefinir continuamente a distribuição de papéis, regras, funções e poder. Não há dúvida de que a possibilidade de formar um casal sadio é algo que pode ser ensinado. Hoje, muitos terapeutas estão trabalhando dentro dessa perspectiva.
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