Exploração de sal-gema vai abrir 600 vagas em janeiro
A primeira fase do processo de mineração do sal-gema no Norte do Estado contará com a abertura de 600 empregos já em janeiro para atuar em quatro empresas, que ganharam o leilão de 11 áreas no Norte do Estado realizado pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
A jazida fica em Conceição da Barra, Ecoporanga e Vila Pavão, e é a maior da América Latina. Os vencedores dos leilões foram a Unipar Carbocloro (em três áreas), José Augusto Castelo Branco (em três áreas), Dana Importação e Exportação (em duas áreas), e Pedras do Brasil (em três áreas).
Agora, com a divulgação do resultado, vão ser iniciados os trâmites como interposição de recursos, análises das contestações, entre outras avaliações. A publicação do ato de homologação do resultado está marcada para 29 de outubro.
A primeira fase da mineração será a etapa de pesquisa, e a Federação de Indústrias do Estado (Findes) informou que nela serão criados 600 postos de trabalho, diretos e indiretos, em janeiro, para a atividade, além de investimentos acima de R$ 170 milhões só nesta fase.
Topógrafos, químicos, engenheiros, geólogos e operários de máquinas serão os profissionais que vão atuar na pesquisa.
“Essas empresas vão começar um processo de investigação, pesquisa, análise, definir o potencial que a área tem e os projetos futuros para essas áreas. Isso vai acontecer agora e durante os próximos três anos”, explicou Luis Claudio Montenegro, consultor de infraestrutura da Findes, que destacou que a federação dará apoio regional para eventual treinamento de profissionais para atuarem na mineração.
Ao todo, as jazidas vão criar 15 mil empregos no Espírito Santo.
O governo do Estado celebrou o leilão. “As várias aplicações do produto permitem a ampliação dos setores industriais, como vidro, papel, cloro e celulose, atraindo empresas e criando emprego e renda na região”, disse o secretário de Estado de Inovação e Desenvolvimento, Tyago Hoffmann.
Já o deputado federal Felipe Rigoni classificou o momento como histórico, “mas precisamos pensar grande. Não podemos pensar em ser só o maior exportador do Brasil de sal-gema. Temos de trazer as indústrias de beneficiamento e produção para cá também.”
Profundidade menor e local inabitado reduzem riscos
A exploração do sal-gema causou problemas em Maceió, Alagoas. Três bairros da capital alagoana tiveram de ser esvaziados por conta de problemas de afundamento e abalos sísmicos que causaram rachaduras em paredes. O problema, porém, não deve acontecer no Estado.
“Lá foi um caso singular. Não tem chance de acontecer isso aqui. A profundidade daqui é menor (1.200 metros contra 700 metros) e aqui não tem habitação em cima, é uma área sem bairros por perto”, explicou o deputado federal Felipe Rigoni.
A empresa que explorava o campo de sal-gema em Maceió teve de pagar uma indenização bilionária para as famílias afetadas, que foram realocadas.
SAIBA MAIS
Leilão de áreas
- As 11 áreas de sal-gema localizadas no Norte do Espírito Santo e que fizeram parte da 4ª Rodada da Agência Nacional de Mineração (ANM) foram arrematadas.
- As empresas Dana Importação e Exportação, José Augusto Castelo Branco, Pedras do Brasil Comércio Importação e Exportação e Unipar Carbocloro ganharam o leilão e ficarão responsáveis por explorar as áreas em Conceição da Barra, Ecoporanga e Vila Pavão, onde está a maior jazida da América Latina.
O que é o sal-gema?
- O sal-gema se diferencia do sal marinho por estar localizado abaixo da terra. o sal marinho, utilizado para tempero, vem do mar e surge da evaporação da água repressada pelo homem.
- Já no caso do sal-gema, a evaporação e formação das rochas teve início há 120 milhões de anos, quando houve a deposição de sal. Ele é encontrado no mundo todo, e as camadas levaram cerca de 500 mil anos para serem formadas naturalmente.
- Enquanto o sal marinho é geralmente usado no consumo humano e de animais, o sal-gema, que existe em quantidades maiores, é empregado sobretudo na indústria química.
- Trata-se de uma matéria-prima versátil, usada na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio. E, ainda, na composição de produtos farmacêuticos; nas indústrias de papel, celulose e vidro; e em produtos de higiene, tais como sabão, detergente e pasta de dente.
- É empregado também no tratamento da água e nas indústrias têxtil e bélica.
Maior jazida não foi explorada
- Em 1976, enquanto perfurava os entornos de Conceição da Barra, a Petrobras acabou não achando petróleo, mas constatou a presença do sal-gema na região. A Petromisa, subsidiária da estatal voltada para mineração, assumiu os trabalhos para pesquisar as localidades, que somam 110 mil hectares e com 54% das reservas da matéria-prima estimadas no País. Porém, até então, esse local nunca foi explorado.
Fonte: Findes e Pesquisa AT.
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