Estágio pode ser realizado de casa, mesmo durante pandemia

Com o crescente isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus, todos os setores do mercado têm adotado medidas de contenção, que muitas vezes significa suspensão de contratos e até demissão de funcionários.

A taxa de desemprego no Brasil subiu para 11,6% atingindo 12,3 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com os estágios e programas de aprendizagem o cenário não é diferente, vemos uma gama de rescisões em virtude da Covid-19. O futuro é agora! A pergunta que devemos fazer é: As empresas estão preparadas para ele?

Pela lei, estagiários e menores aprendizes não podem levar trabalho para casa. Entretanto, em 22 de março, foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União, a Medida Provisória 927/2020, a qual prevê no art. 5º que “fica permitida a adoção do regime de teletrabalho, trabalho remoto ou trabalho à distância para estagiários e aprendizes”.

Agentes de integração orientam, nesses casos, para que atividades do estagiário tenham acompanhamento e que sejam previstas nos termos de compromisso de estágio.

Mas, ainda assim, o desligamento de muitos estagiários e menores aprendizes reacende o debate sobre a importância e valorização desses jovens, em início de carreira, para as empresas no Brasil. Sabe-se que, em média, 64% dos estudantes que passam por esses programas são efetivados.

A figura do estagiário é tão importante para a preparação de talentos adequados às demandas corporativas que o governo concede isenção de encargos trabalhistas como forma de estimular permanentemente a inserção de estudantes no mercado de trabalho.
Em um cenário de incertezas e dificuldades econômicas, mantê-los em suas empresas pode ser uma solução para o futuro.

O capital humano é o principal recurso de uma empresa. Isso porque só as pessoas são capazes de terem ideias, algo primordial para a manutenção de um negócio, principalmente em um momento como o atual, que surpreendeu sociedade e mercado.

Sendo em sua maioria jovens, estagiários são profissionais conectados com o que há de mais novo, com grande potencial inovador, que podem fazer toda a diferença agora e no futuro.

O advento e consolidação do trabalho remoto está intimamente ligado ao processo de transformação digital, o que para esses jovens já é uma realidade. Eles mantêm contato direto com a academia, as faculdades e universidades, onde há uma grande produção de conhecimento, que pode agregar à operação empresarial.

A grande taxa de efetivação desses contratos demonstra que eles são importantes fontes de identificação de talentos e formação. Encontrar profissionais qualificados é um desafio no mundo empresarial, e os estágios suprem grande parte dessa demanda dando a oportunidade de formação de um profissional adequado ao ambiente específico daquela empresa.

Interromper o curso desse processo, como vem acontecendo atualmente, é algo que irá gerar consequências futuras para as organizações, que terão que dar início a novas formações, empenhando recursos e tempo.

Jossyl Nader é superintendente executivo do CIEE-ES.