Festa do Botafogo tem funk, provocação e desabafo: 'Apanhamos durante um ano'
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O elenco do Botafogo reagiu de diferentes maneiras à conquista da Libertadores. A zona mista com os jogadores no Mâs Monumental, estádio do River Plate, em Buenos Aires, após o triunfo por 3 a 1 sobre o Atlético Mineiro que assegurou a taça, teve funk, "Vou Festejar", música da botafoguense Beth Carvalho, euforia, provocação e desabafo por parte de alguns, como o goleiro John e o meio-campista Tchê Tchê.
Capitão, Marlon Freitas surgiu com a taça, enquanto Igor Jesus passou sem falar com a imprensa e preferiu cantar um trecho de Vou Festejar. O reserva Carlos Alberto caminhou rápido enquanto tocava seu pandeiro sem ritmo. Outros carregaram uma caixa de som e seguiram para continuar com as comemorações.
John foi o primeiro a falar. Depois de bater na trave ao ficar com o vice quando atuava pelo Santos, em 2020, o goleiro celebrou com uma cutucada. Ele citou questionamentos da imprensa e disse que viu "muita gente falando", sem mencionar quais seriam as críticas. "Hoje a gente provou o que é o Botafogo. É tempo de Botafogo", afirmou.
O recado em tom de desabafo de parte dos atletas é uma resposta aos que apontaram enfraquecimento mental da equipe nas últimas semanas após três empates seguidos no Brasileirão. O time se recuperou, retomou a liderança do Palmeiras na terça-feira passada e neste sábado alcançou a Glória Eterna com seu primeiro título da Libertadores.
"As pessoas falam muitas coisas, não sabem o que passamos", disse Tchê Tchê, que não entrou em campo. Apesar de ser reserva e ter jogado muito menos que o ano passado, ele se considera um "líder silencioso" no elenco.
"A gente não entrou em polêmica mesmo apanhando durante quase um ano", acrescentou o meio-campista, em referência às críticas pela derrocada histórica no ano passado que resultou na perda do Brasileirão para o Palmeiras. "Se você se levar por críticas estará indo para o caminho errado. O caminho certo é trabalhar."
O lateral-esquerdo Alex Telles foi menos ameno em sua provocação à imprensa. Não quis parar para dar entrevista sob a justificativa irônica de que estava indo para a "festa da pipoca", em alusão aos tropeços recentes no Brasileirão que tiraram momentaneamente a liderança, recuperada depois com vitória contundente sobre o Palmeiras na final antecipada do torneio.
Gregore lamentou sua expulsão aos 30 segundos, recompensada, segundo ele, pelo esforço em dobro dos seus companheiros. "Meus companheiros correram muito por mim. Todos falaram que correriam, os que não falaram pensaram."
PALAVRA DO CRAQUE
Protagonista com o gol no primeiro tempo que abriu o caminho para a vitória e o pênalti sofrido minutos depois, Luiz Henrique fez a avaliação de que o bom ambiente entre os atletas e a comissão técnica foi importante para a conquista. "Foi um clima de tranquilidade. A gente sabia que seria campeão", disse.
O pensamento, ele disse, se manteve mesmo depois que Gregore levou o vermelho por acertar a chuteira no rosto de Fausto Vera. "Mantivemos nossa cabeça no lugar e corremos por ele. Era o jogo da nossa vida", resumiu Luiz Henrique, figura constante nas convocações da seleção brasileira. Ele ainda diz não saber se continua no Botafogo em 2025 ou se vai para o Lyon, clube francês que também pertence a John Textor. "Posso dar essa resposta depois."
Com ou sem seu principal craque, o Botafogo terá uma temporada importante no ano que vem, já que conquistou um lugar no Super Mundial de Clubes da Fifa, a ser disputado entre junho e julho nos Estados Unidos. Antes disso, ainda pode finalizar 2024 com mais duas taças: a do Brasileirão, que lidera com três pontos de vantagem para o Palmeiras, e a Copa Intercontinental, antigo Mundial, que jogará no Catar em dezembro.
"Temos mais um campeonato pra ganhar", falou o experiente lateral Rafael. Ele não joga desde o começo de abril, quando sofreu grave lesão no joelho, e disse que irá se aposentar ao final desta temporada. "Temos que aproveitar esse momento e depois já vamos pensar no Brasileirão", reforçou o lateral Cuiabano.
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