Número de jovens que estudam e trabalham no Estado bate recorde

| 23/02/2020, 18:58 18:58 h | Atualizado em 23/02/2020, 19:11

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-02/372x236/jovens-carteira-de-trabalho-38e24a4872d946fbc8f54a80f54edd63/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-02%2Fjovens-carteira-de-trabalho-38e24a4872d946fbc8f54a80f54edd63.jpg%3Fxid%3D109936&xid=109936 600w, A assistente administrativo Gilsany de Matos, de 18 anos, O  profissional de informática Guilherme Gomes, de 20, e a  supervisora de marketing Joanie Silotti, de 28

O número de jovens que estudam e trabalham no Espírito Santo bateu recorde. São cerca de 116 mil estudantes entre 15 e 29 anos nessa condição — aproximadamente 13,2% das pessoas nessa faixa etária.

O dado é o maior número da série histórica informada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e corresponde ao ano de 2018. As informações de 2019 ainda não estão disponíveis, mas a tendência é de crescimento, conforme os dados de anos anteriores.

Em 2017, 110 mil (12,8%) jovens com idade entre 15 e 29 anos estudavam e trabalhavam no Estado. Em 2016, eram 111 mil (12,5%). Já em 2015, havia 97 mil (11,2%) pessoas nessa situação. O levantamento considera as informações de pessoas ocupadas, e, simultaneamente, frequentando escola, cursos pré-vestibular, técnico de nível médio ou cursos de qualificação profissional.

Essa dupla jornada é fruto de uma combinação de fatores, como a necessidade de complementar a renda familiar, a estagnação das vagas nas universidades públicas e o aumento da competitividade no mercado de trabalho.

“Também há de se considerar o crescimento demográfico. Mas o que percebemos hoje é que o Estado também tem investido em uma série de políticas de incentivo à educação, o que acarreta em um aumento no número de jovens estudando”, pontuou o doutor em Administração e especialista em gestão de pessoas, Bruno Félix.

Outros fatores também influenciam. Um exemplo, para a diretora da Faculdade Saberes, Alacir de Araújo Silva, é que embora exista uma tendência geral de democratização do acesso ao ensino, não se pode ignorar que diversos estudantes têm condições financeiras consideradas precárias.

“A educação, outrora restrita às pessoas de maior poder aquisitivo, hoje está disponível para todas as classes sociais. Contudo, não havendo um número suficiente de instituições de ensino gratuitas para atender a todos, aqueles que não conseguem arcar com as mensalidades em instituições particulares, trabalham para pagar os estudos.”

Trabalhar para poder estudar, e estudar para poder trabalhar tornam-se situações complementares. Ao mesmo tempo, criam mão-de-obra cada vez mais qualificada.

Alunos escolhem horário noturno

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Conciliar os estudos com o trabalho pode ser uma tarefa difícil, mas é executada todos os dias pelos estudantes de Nutrição da Multivix, Rafael Silva, 25 anos, e Joyce Carvalho, 22, e pela aluna do curso de Enfermagem, Adriane Ribeiro, 19.

Por causa do trabalho, que consome várias horas do dia, todos eles frequentam a faculdade no período noturno.

“É gratificante, mas não deixa ser cansativo. Trabalho o dia todo, estou concluindo um TCC (trabalho de conclusão de curso) e iniciei a pós-graduação. Mas minha família mora em outra cidade e sempre me ajuda como pode, então me senti na obrigação de conseguir um emprego para me sustentar e ajudar o meu pai”, contou Joyce.

Saiba mais

Recorde

O número de jovens de 15 a 29 anos que, simultaneamente, trabalham e estudam no Estado é recorde, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

- 2018

  • O dado mais recente refere-se ao ano de 2018: são 116 mil jovens de 15 a 29 anos trabalhavam e estudavam.
  • O número equivale a 13,2% da população nessa faixa etária no Estado.

- 2017

  • 110 mil jovens (12,8%) trabalhavam e estudavam.

- 2016

  • 111 mil jovens (12,5%) trabalhavam e estudavam.

- 2015

  • 97 mil jovens (11,2%) trabalhavam e estudavam.

Principais razões

  • O levantamento feito pelo IBGE considera as informações de pessoas ocupadas, e, simultaneamente, frequentando escola, cursos pré-vestibular, técnico de nível médio ou cursos de qualificação profissional.

Complementação de renda

  • O principal motivo para a conciliação das duas atividades, segundo especialistas em educação e carreiras, é a necessidade de complementar a renda familiar, pois a grande maioria dos estudantes vem de uma classe social com baixo poder aquisitivo.

Custeio dos estudos

  • Em segundo lugar, aparece a necessidade de custeio dos estudos. Enquanto as vagas em escolas públicas de ensino fundamental e médio atendem amplamente a população, em cursos de nível superior, a realidade é outra.
  • As vagas em universidades públicas não são suficientes para atender ao grande número de jovens no Estado. Assim, muitos optam pelo ensino superior em instituições particulares. Sem ter como arcar com os estudos, porém, precisam trabalhar para pagar as despesas.

Experiência e crescimento

  • Finalmente, existe uma parcela de estudantes que não necessariamente precisa trabalhar enquanto estuda, mas o faz para ganhar experiência e adquirir a maturidade requisitada pelo mercado.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, especialistas Alacir de Araújo Silva, Bruno Félix, Edna Tavares e e pesquisa AT.

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