Mais de 80% das mulheres não conseguem pagar contas

Confederação Nacional do Comércio aponta recorde, sobretudo entre elas, que muitas vezes são responsáveis pela manutenção do lar

Gustavo Andrade, do jornal A Tribuna | 20/10/2022, 14:26 14:26 h | Atualizado em 20/10/2022, 14:28

O endividamento das mulheres atingiu 80,9%, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

É um recorde entre o público e apresentou uma alta de 5,9 pontos percentuais em relação ao mesmo período em 2021.

De acordo com a pesquisa, a inflação e a taxa de juros nas alturas são alguns dos principais pontos que levam ao recorde. Cartão de crédito e cheque especial são as duas modalidades que causaram o maior endividamento do público.

No Espírito Santo, dos 770.853 que estão negativados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), de acordo com a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) Vitória, 55% são mulheres. Pelos dados da Serasa Experian, no Estado, são 1.250.257 de inadimplentes, sendo 50% feminino.

A economista Arilda Teixeira aponta como fatores para o maior endividamento feminino o aumento de mulheres trabalhando fora de casa e a atual conjuntura econômica do País.

“Com o maior número de mulheres que passaram a trabalhar fora aumentou o consumo delas. E isso junto com a atual situação econômica, com o encarecimento dos produtos”, afirma.

Arilda chama a atenção para o excesso de endividamentos com o cartão de crédito.

“Muitas vezes, os consumidores têm um entendimento equivocado sobre o que representa o cartão de crédito. Pegam o cartão com limite de R$ 2.000, por exemplo, e entendem como se tivessem ganhado esse valor a mais para utilizar. É um meio de endividamento e não de receita”, destaca.

De acordo com o economista Ricardo Paixão, a explicação para os dados passam por alguns fatores,  a exemplo da independência da mulher. Além disso, muitas são responsáveis pelas finanças que envolvem o dia a dia da casa.

“As promoções e as vitrines chamativas acabam atraindo mais as mulheres. Mas, muito mais que isso, o desemprego, que ainda tem números elevados, os efeitos da pandemia, que reduziram o poder de compra, devem ser considerados, afetam a todos, inclusive as mulheres”, destaca.

Inflação das mulheres é mais alta

Um dos pontos destacados para o recorde de endividamento feminino é a inflação sobre produtos de beleza; serviços a exemplo de corte de cabelo, manicure e pedicure; e roupas para as mulheres, de acordo com especialistas.

A economista Arilda Teixeira destaca que as mulheres tecnicamente têm um custo de vida maior, com produtos e serviços, e com a inflação sobre os mesmos. Ela orienta que busquem alternativas para equilibrar as finanças.

Arilda detalha que a “inflação feminina” é também uma estratégia de mercado, já que o público feminino tende a consumir mais roupas e calçados que o público masculino, por exemplo.

“É uma questão de mercado. E sendo mulher, acredito que falo com propriedade, que é preciso analisar sempre antes de sair comprando”, diz.

O economista Ricardo Paixão reforça que, no geral, as despesas para as mulheres são maiores, mas que muitas, ao ser tornarem independentes, arcam 100% com as despesas de casa.

De acordo com o economista, o endividamento maior das mulheres passa pelo protagonismo, no âmbito financeiro, que exercem dentro das famílias.

“Independente do gênero, está difícil conseguir pagar todas as contas dentro de um mês. Então é necessário sempre ter controle”.

Facilidades para negociar os débitos e sair do vermelho

Bancos e empresas oferecem opções para quem deseja renegociar suas dívidas.

O Banestes, por exemplo, promove mais uma edição do Feirão Acordo Fácil Itinerante. Até o dia 28, equipes em renegociação passarão pelas agências nas regiões do Caparaó e do Norte do Estado.

Durante o feirão, os clientes poderão obter descontos de até 100% em juros, correção e multa, e de parcelar o valor em até 120 meses.

No próximo sábado haverá negociação de dívidas com o Banestes também em Cariacica, num ação da prefeitura, no bairro Bandeirantes, no campo de futebol da rua Castelo, das 8h às 13 horas.

A Caixa Econômica Federal diz que é possível negociar dívidas pelo telefone 40040104 (capitais) ou 0800 104 0104 (demais regiões) e WhatsApp, pelo 0800 104 0104, e outros canais.

Os descontos para quitação de contratos comerciais podem chegar a até 90% do valor da dívida e as condições especiais, para pessoas físicas e jurídicas.

Para realizar a negociação com a EDP, os clientes podem procurar agências de atendimento, central de atendimento 0800 7210707 e no aplicativo EDP Online.

Dados

Endividamento

- Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de setembro mostram que 80,9% das mulheres estão com dívidas pendentes.

- Entre os homens, os endividados são 78,2%, segundo a pesquisa. 

- A maior parte das dívidas, independente do gênero, se concentra no cartão de crédito (85,6%). Em seguida, vêm os carnês (19,4%), o financiamento de veículos (9,6%), o crédito pessoal (9,1%) e o financiamento de imóvel (7,9%).

- Os dados mostram que 79,3% das famílias estão endividadas, ou seja, possuem débitos a pagar, como empréstimos, financiamentos ou compras parceladas.

- Além disso, 30% estão inadimplentes, com débitos que não foram quitados no tempo pré-determinado pelo contrato.

No Estado

- São 770.853 negativados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), de acordo com a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória.

- As mulheres representam 55% desse total.

- A Serasa Experian informa que são 1.250.257 de inadimplentes, sendo 50% feminino.

- Pelos dados da Serasa, os maiores segmentos das dívidas são serviços de utilidade (água, energia elétrica e gás, por exemplo), com 27,83%, e bancos/cartões com 25,27%.

Fonte: CNC, CDL Vitória e Serasa Experian.

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