Leite já é encontrado a mais de R$ 9 e preço do ovo dispara

Os ovos tiveram alta de 202% acima da inflação

Greg Poloni | 06/07/2022, 08:20 08:20 h | Atualizado em 06/07/2022, 11:25

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A inflação, que tem corroído o poder de compra da população, parece não dar trégua, atingindo principalmente os alimentos. Uma caixa de um litro de leite já chega a custar R$ 9,19 em supermercados da Grande Vitória.

Situação parecida ocorre com o ovo de galinha, cujo aumento nos últimos dois anos, nacionalmente, foi 202,13% acima da inflação, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). No Estado, a dúzia de ovos brancos chega a custar R$ 14,90, conforme pesquisa da reportagens em supermercados.

Já o preço leite mais que dobrou de março de 2020 a maio 2022: alta de 104,6%. Só para se ter ideia, a inflação oficial do País no período acumulado foi de 19,9%.

A média de preços do leite, conforme pesquisa da reportagem, é de R$ 8 nos supermercados. Mas há algumas variedades especiais que superam R$ 10 o litro, como os que são livres de lactose.

O motivo para tamanho aumento é o período seco de inverno, que tradicionalmente  faz os preços do leite subirem, já que o pasto fica mais escasso. Neste ano, o La Niña, fenômeno climático que acentua a estação seca, e a disparada nos preços dos combustíveis e fertilizantes, por causa da guerra na Ucrânia, acentuaram a alta.

Natália Grigol, pesquisadora da área de leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP, diz que os custos de produção subiram nos últimos três anos, levando muitos pecuaristas a reduzirem investimentos.

Júlio Rocha Junior, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faes) citou também a alta no custo da distribuição.

“O gargalo está no custo da energia e no dos combustíveis. No leite, por exemplo, os valores do milho e soja para o gado estão altíssimos. Outro problema é o da logística em cima de transporte do produto final, que não trabalha com a capacidade total e nas cooperativas que têm sua própria logística de produção muito cara”, explica.

Júlio reforça que  muitos produtores estão abandonando a atividade leiteira. A Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) foi procurada  mas não se manifestou.

Repasse nos restaurantes

A situação para os restaurantes e bares também fica complicada, já que precisam dos alimentos para produzir seus cardápios.

Fabiano Ongaratto, presidente em exercício do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindibares), diz que não dá pra segurar os aumentos finais para o cliente.

“Temos que buscar alternativas para equilibrar, trocar ingredientes de receitas, mudar temporariamente o cardápio. Tentamos segurar os preços para não repassar tudo ao consumidor, mas uma parte do aumento sempre vai acabar chegando ao cliente”, comenta.

Ele também culpa a inflação como um dos principais fatores pelo aumento dos preços dos alimentos.

“Quando tem o aumento dos itens básicos de produção como gasolina e energia, isso reflete direto no produto. O combustível que afeta o frete, a ração, tudo gera um efeito cascata, que vai sendo repassado e chega ao produto final inflacionado”, explica.

Preço não vai cair, diz especialista

Para quem espera que os preços baixem em um curto período de tempo a realidade é outra. Segundo o economista Jorge Eloy Domingues, a tendência é de que os valores se mantenham ou piorem durante o ano, e que a inflação é um dos fatores principais.

“A inflação no Brasil é de grande dispersão, ou seja, temos um aumento generalizado de preços. Tudo está aumentando, em todas as áreas de produção”, afirma.

Ele também comenta que durante a pandemia houve uma pausa na produção, mas o consumo não parou, pelo contrário, o que resulta em maiores preços, já que a demanda é maior.

Júlio Rocha Junior, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) fala que a guerra na Ucrânia também influenciou os preços atuais.

“A guerra influencia, já que além dos insumos importados, impacta na inflação mundial, e ela não dá sinais de fim. A situação dos preços deve aumentar e não vemos uma melhora para esse ano”.

Aumento 202% acima da inflação

Maiores altas

- Os preços dos alimentos têm subido desde o começo da pandemia, e nos últimos meses alguns itens tiveram reajuste que  ultrapassou  a taxa de inflação;

- Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a  variação média do preço dos produtos ficou em 57,5%, no período de março de 2020  a maio de 2022, e a inflação ficou em 19,9% no periodo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);

- A maior alta registrada no estudo foi o do preço do ovo, que subiu 202,13%;

- O preço médio nacional da dúzia do ovo em março foi de R$ 6,99 pulando para R$ 22,51 em maio em algumas cidades do País;

- Outro aumento significativo foi o do litro do leite, 104,6%;

Preços nos mercados

- Em pesquisa realizada pela reportagem em mercados da Grande Vitória, o leite integral UHT pode ser achado por até R$ 9,19;

- O menor valor encontrado foi de R$ 8,23;

- Nos Leites semidesnatados o menor valor foi de R$ 7,29;

- Leites sem lactose foram encontrados por até R$ 10,99 o litro;

- Ovos brancos dúzia por até 14,90;

- Um dos motivos do aumento de preço segundo os especialistas ouvido, além da inflação, é a entressafra atual, onde a produção é menor por conta da falta de chuvas no período do inverno;

- Além disso, há a dependência da importação de insumos para a produção, como adubo para pastagens, milho e soja para alimentação bovina, ração para aves, entre outros;

- O valor dos combustíveis e da energia também foram citados como fundamentais para o aumento do preço final dos alimentos.

Fonte: Estudo IBPT e Pesquisa AT

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