Gasolina e gás de cozinha mais caros a partir desta terça
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A Petrobras está reajustando os preços da gasolina, diesel e do gás de cozinha (GLP) a partir de hoje para as distribuidoras. No Espírito Santo, o preço médio da gasolina, calculado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), já era de R$ 5,92. Com o reajuste, deve chegar aos R$ 6.
Já o botijão de gás, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de GLP do Estado (Sinregás-ES), pode custar R$ 105 em algumas revendedoras.
De acordo com o comunicado da Petrobras, o preço médio por litro sobe 6,32%, de R$ 2,53 para R$2,69. No diesel, o avanço foi 3,69%, de R$ 2,71 para R$ 2,81 em média por litro. No GLP, para as distribuidoras, o valor passará a ser de R$ 3,60 por quilo, com um aumento médio de R$ 0,2.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (Sindipostos-ES), o impacto da variação do valor dos combustíveis na refinaria ao consumidor depende de como o preço se comporta ao longo da cadeia.
“Não é possível afirmar quando o aumento chegará aos postos e qual será o real impacto. Depende do quanto será repassado pelas distribuidoras e da concorrência de mercado entre as próprias distribuidoras e os postos”, disse a nota do sindicato.
Para o empresário Anderson Basílio, dono de posto de combustível, o preço do etanol também acaba sendo puxado para cima.
“Sempre que a gasolina sobe, a oferta de etanol fica menor, e os postos acabam aumentando o preço dele também. O cliente procura mudar da gasolina para o gás natural ou da gasolina para o etanol”, explicou Basílio.
Em relação ao gás de cozinha, o Sinregás prevê que o botijão fique de R$ 4 a R$ 5 mais caro para o consumidor a partir de hoje.
“Os preços variam muito, e também dependem da competitividade entre os estabelecimentos. O valor também fica mais caro se a distribuidora tiver que fazer a entrega. Até ontem, a botija entregue na casa do cliente custava, em média, de R$ 90 a R$ 95”, afirmou o vice-presidente Cléber dos Santos Almeida.
Com o novo reajuste e as diferenças de preço em cada comércio, o gás que a revendedora entrega na casa do consumidor já custa de R$ 100 a R$ 105.
“Daqui a pouco teremos de usar cavalo”
O encarregado de obras Sidney Pereira de Oliveira, de 44 anos, terá que se apertar ainda mais para não passar dificuldades, depois de mais de um aumento anunciado no preço da gasolina.
“Eu trabalho com obra, de forma informal, ganho um salário mínimo por mês, preciso pagar aluguel, pensão, a conta de energia vai aumentar e os alimentos cada vez mais caros... A prioridade é a alimentação, e aí fica difícil manter uma moto. Se eu não tomar cuidado, eu passo dificuldades. Daqui a pouco vamos precisar andar a cavalo”, disse ele.
Sidney tem a moto há menos de um ano, e hoje gasta o dobro do que pagava quando comprou o veículo para encher o tanque. “Antes enchia com R$ 35, e hoje gasto R$ 70.”
Aumento de 5% na conta de luz
Com a crise hídrica no País, causada pelo baixo volume de água nos reservatórios das hidrelétricas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reajustou para este mês o valor cobrado da bandeira vermelha 2, o patamar mais alto da tarifação. A conta de energia deve subir, em média, 5% só este mês.
A cobrança adicional subiu de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). Para agosto, deve haver outro reajuste, e a sobretaxa do kWh poderá chegar a R$ 11,50. Com isso, a conta subirá mais 3% em agosto. Poderá, assim, chegar a um aumento total de 8%.
No Espírito Santo, o reajuste anual da EDP será feito em agosto, e o da Santa Maria, em setembro. Ainda não se sabe qual será a mudança de preço.
A diretoria da Aneel decidiu também novos valores para as outras bandeiras. A amarela será de R$ 1,874 a cada 100 kWh; a vermelha patamar 1, de R$ 3,971 a cada 100 kWh. A bandeira verde, que indica boas condições de geração de energia, é gratuita desde a adoção do sistema, em 2015.
As bandeiras tarifárias, atualizadas anualmente até 2019, permaneceram com valores inalterados em 2020 como medida emergencial da Agência para aliviar a conta de luz dos consumidores e auxiliar o setor elétrico em meio ao cenário de pandemia da Covid-19.
As famílias de baixa renda, inscritas no programa de Tarifa Social, pagam as bandeiras com os mesmos descontos que já têm nas tarifas, de 10% a 65%, dependendo da faixa de consumo.
Amigo ficou sem combustível
O empresário Matheus Rezende, de 25 anos, faz donuts (rosquinhas) para vender, e ao menos uma vez por semana, realiza as entregas de mercadorias de carro.
“Temos um automático que consome bastante gasolina, e realmente é complicado encher o tanque dele. Agora vai ficar ainda mais difícil, porque o valor que a gente consegue abastecer já não rende mais no carro. Um amigo meu ficou sem gasolina no meio da rua por causa disso“, relatou Matheus.
Restaurantes sobem os preços
O novo reajuste no valor do gás de cozinha, aliado à alta inflação dos alimentos e à nova bandeira de energia vai obrigar os restaurante a aumentar alguns preços.
“Ainda não aumentamos o preço do quilo, mas com esse que é o quarto reajuste no preço do gás só neste ano, pensamos em aumentar sim”, lamentou a empresária Amanda Pimentel, dona de um restaurante de self-service e delivery para o almoço.
A chef de cozinha Cláudia Lima trabalha com entrega de pratos para o almoço, culinária árabe e datas comemorativas. Ela e a sócia já tiveram que aumentar alguns preços, e preveem novos reajustes.
“Já tivemos que ajustar o valor de pães e ensopados, que demandam mais tempo. Chegamos a usar panelas elétricas, mas como a energia subiu, paramos. Estamos tentando manter os preços razoáveis, mas eles vão subir.”
O presidente do Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares do Estado (Sindbares), Rodrigo Vervloet, afirmou que a produtividade dos negócios será prejudicada. “Evitamos os repasses ao máximo. A gente acaba deixando de lado a margem de lucro, para não perder o cliente”, afirmou.
Entenda
- A Petrobras reajusta, a partir de hoje, os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha (GLP) para as distribuidoras.
- Os aumentos refletem o avanço do preço do petróleo no mercado internacional, estoques baixos no Golfo do México e alta no consumo na Ásia por conta do reaquecimento da economia.
- No estado, o preço médio da gasolina deve chegar aos R$ 6. Já o botijão de gás deve chegar aos R$ 105 em algumas distribuidoras.
Fonte: Petrobras, Sinregás-ES e pesquisa AT
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