Estação da Petrobras no Sul do ES pode virar indústria de hidrogênio

Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba, em Anchieta, vai ter a operação interrompida a partir de julho, mas deve ser aproveitada

Eliane Proscholdt, do jornal A Tribuna | 25/04/2024, 16:00 16:00 h | Atualizado em 25/04/2024, 13:52

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/170000/372x236/Estacao-da-Petrobras-no-Sul-do-ES-pode-virar-indus0017814000202404251347/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F170000%2FEstacao-da-Petrobras-no-Sul-do-ES-pode-virar-indus0017814000202404251347.jpg%3Fxid%3D789981&xid=789981 600w, UTGSul tem hoje 15 profissionais trabalhando atualmente. Todos serão transferidos e não haverá demissões, segundo o Sindicato  dos Petroleiros

Inaugurada em outubro de 2010, a Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba (UTGSul), em Anchieta, terá a sua operação interrompida pela Petrobras por tempo indeterminado e, segundo especialistas do setor, pode virar indústria de hidrogênio.

A previsão é que a Petrobras interrompa a operação a partir de julho, como destaca Cris Samorini, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).

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“O que a estatal informou, a partir de um pedido da Findes, é que a planta não irá hibernar. Uma equipe de manutenção será mantida permanentemente no local, sendo preservada uma espécie de prontidão para o caso de voltar a tratar gás, se houver novas descobertas ou se for definida a operação de outro tipo de combustível de transição (energética) que se adeque à unidade”, disse Cris Samorini.

Oficialmente, a Petrobras informou que a UTGSul encontra-se atualmente disponível para processamento de gás e dentro da sua capacidade nominal de operação.

CEO da DVF Consultoria, Durval Vieira de Freitas, diz que a tendência é a Petrobras estudar o aproveitamento da UTGsul para outra atividade, como produção de hidrogênio azul ou verde.

“Nós estamos vivendo no momento de transição energética forte no mundo e aqui no Estado houve um erro estratégico de implantação das unidades de tratamento de gás. Esperava que teria mais gás e isso não ocorreu”, afirmou Durval.

Ele acrescentou que, como a UTGSul é uma unidade moderna, com equipamentos modernos, crê que a Petrobras vai estudar uma forma de aproveitar para outra utilização.

“Tudo nos leva a crer que essa unidade será adaptada para geração de algum outro tipo de energia. A tendência é a produção de hidrogênio, utilizando energia eólica (verde) ou mesmo uma energia térmica a base de gás (azul)”.

Se confirmado esse cenário, ele prevê a contratação de profissionais altamente qualificados, a exemplo de engenheiros químico, mecânico, de automação, de programação, além de técnicos de meio ambiente, de segurança do trabalho, de manutenção, e outros.

Coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Estado (Sindipetro-ES), Valnísio Hoffmann, disse que os profissionais da UTGSul não serão demitidos. “Eles estão sendo transferidos. Era cerca de 50 (início de 2023) e hoje deve ter em torno de 15, mas todos com vagas já garantidas em outras unidades”.

Entenda

Interromper a operação

A Petrobras deve interromper, a partir de julho, por tempo indeterminado, a operação da Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba (UTGSul), localizada em Anchieta.

A unidade recebe e processa gás dos campos de produção marítimos do chamado Parque das Baleias, no Sul do Estado.

Capacidade de processamento

É de 2,5 milhões de m de gás por dia. Segundo dados mais recentes da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2022, a capacidade ociosa da unidade era de 95,5%.

Atualmente, a UTGSul trata uma pequena parte do que ainda vem do campo de Jubarte.

Segundo a companhia, esta é uma unidade que tem tecnologia mais aderente ao gás do pós-sal, porém, a maior parte da produção da estatal vem do pré-sal e tem sido direcionada para a unidade de tratamento de Cacimbas, em Linhares, equipada com uma tecnologia mais adequada a este tipo de combustível.

Equipe mantida

A Findes informou que uma equipe de manutenção será mantida permanentemente no local, sendo preservada e mantida em uma espécie de prontidão para o caso de voltar a tratar gás, caso haja novas descobertas ou seja definida a operação de algum outro tipo de combustível de transição (energética) que se adeque à unidade.

A possível desativação foi revelada por A Tribuna no dia 4 de fevereiro.

Tendências

Fábrica de combustível

Na avaliação do CEO da DVF Consultoria, Durval Vieira de Freitas, é a Petrobras deverá estudar o aproveitamento da UTGsul para outra atividade, como produção de hidrogênio.

Outros projetos

O coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), Valnísio Hoffmann, citou outros possíveis projetos. São eles:

Injeção de CO2 resultado da queima industrial proveniente de empresas privadas;

Reabertura da unidade para receber gás de possíveis poços (estão sendo perfurados alguns no litoral capixaba);

Reabertura da unidade para recebimento de gás via navios. “É a transferência de gás de uma plataforma utilizando um navio próprio para essa operação levando esse gás para unidade em terra”.

Fonte: Findes, Sindipetro-ES e Durval Vieira


Fusão entre petrolíferas vai acelerar investimentos

A fusão entre “pequenas” empresas de petróleo vai acelerar investimentos no Estado. A PetroReconcavo assinou parceria com a Seacrest para perfuração de 300 poços no Estado e a 3R encaminhou fusão com a Enauta.

Já a Maha Energy propôs a fusão entre a 3R e a PetroReconcavo, combinação que resultaria numa produção de 80 mil barris diários. A fusão com a Enauta não impediria uma fusão futura com a PetroReconcavo.

Durval Vieira de Freitas, diz que essa é uma tendência do mercado para redução de custos e melhorar a competividade das empresas.

Coordenador-geral do Sindipetro-ES, Valnísio Hoffmann, ressalta que empresas de pequeno porte acabam ficando limitadas nos investimentos.

“Vamos torcer para que os investimentos sejam concretizados aqui no Estado. O nosso único receio é que muitas promessas foram feitas por empresas do setor e até agora os investimentos não saíram do papel”, finaliza.

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