Carnê está de volta para compra de TV e celular em até 30 meses

Lojas do Estado abrem possibilidade para os clientes que não conseguem comprar à vista ou não têm cartão de crédito

Verônica Aguiar, do jornal A Tribuna | 31/07/2022, 18:40 18:40 h | Atualizado em 31/07/2022, 18:41

Trazendo a possibilidade de parcelamento, os carnês estão retomando seu espaço no mercado. E as lojas do Espírito Santo estão entre as que apostam na modalidade para vender mais.

O comércio de eletrodomésticos, por exemplo, oferece carnês com parcelamentos em até 30 meses, dependendo do produto. Assim, é possível comprar TV, geladeira e celular por meio da modalidade.  

Recentemente, o carnê  ganhou destaque devido a uma estratégia da empresária do ramo do varejo  Luiza Trajano. Por meio de um vídeo, que foi amplamente divulgado na internet, ela argumentou que sabe que aprovar crédito é muito difícil, principalmente em momentos de crise: 

 “Eu quero te dar uma notícia. O seu crédito já está pré-aprovado no Magazine Luiza. Olha, vai ser no carnê. Lembra aquele carnezinho gostoso?  Em prestações que você  pode pagar, e a gente ainda vai dar um descontinho nos juros”, diz ela, no vídeo. 

Com as ações da empresa caindo, clientes viram um apelo desesperado no qual  a empresária  também usou  a  expressão:  “Vá o mais rápido possível à nossa loja, por favor”.

De acordo com a Serasa, o objetivo da retomada do carnê é “possibilitar o consumo de quem não consegue pagar à vista ou não possui um cartão de crédito, e também como uma estratégia de marketing, chamando a atenção para a possibilidade de parcelar”. 

O vice-presidente da  Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, disse que, no cartão de crédito, o lojista já vende  parcelado e  recebe parcelado. Já o cartão fica com os juros e paga ao lojista com desconto. 

Segundo ele, retomando os carnês, as empresas  recebem os juros,  em vez de deixar que o cartão receba:  “O carnê sempre existiu e agora está vindo com essa roupagem nova para alcançar todas as categorias de clientes, principalmente as classes C e D”.

A contadora Mônica Porto explicou que, na modalidade, o mercado vem praticando taxas de juros de 3,99% a 4,99% ao mês. 

Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Finanças e Investimentos do  Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES), Douglas Niero explicou que alguns consumidores têm utilizado o carnê por não terem conta em banco ou cartão de crédito e débito, e precisarem parcelar suas compras. 

“Ele pode encontrar um método de pagamento que caiba exatamente no seu bolso”.

Análise de crédito para aprovar compra na modalidade

Para comprar no carnê, o consumidor precisa passar por um processo de análise de crédito. Nesse processo, o lojista avalia o histórico de compras do consumidor e sua capacidade de honrar com o compromisso que está estabelecendo.    

Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Finanças e Investimentos do  Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (IBEF-ES) Douglas Niero explicou: 

 “Nesta análise, é verificado se o consumidor tem condições de quitar a dívida total ao fim do período. É preciso verificar se o consumidor não tem o nome inscrito no Serasa ou Serviço de Proteção ao Crédito  ( SPC)”.

O carnê pode funcionar por meio de crediário próprio da loja ou também por meio das financeiras. Para ambos os casos a análise de crédito se faz presente.  

A contadora Mônica Porto esclareceu: “Cada loja faz do seu jeito, mas fazem consulta ao “score Serasa”, análise de contracheque, renda, tempo de empresa, se tem residência fixa, e se já tem histórico com a loja também”.

Saiba mais

Carnê

- O carnê é uma maneira do consumidor poder financiar serviços e produtos. Com a democratização do crédito no país, a modalidade foi perdendo força. Os cartões de crédito foram ganhando espaço com condições especiais (parcelas sem juros e menores) e créditos próprios. 

- Contudo, atualmente, em um momento econômico delicado, algumas lojas voltaram a adotar o carnê. O objetivo é possibilitar o consumo das famílias que não conseguem pagar à vista ou não tem cartão de crédito ou ainda alcançar as classes C e D.

Como funciona

- Existem os carnês que são crediário próprio da loja e os que são fornecidos por meio de financeiras. No segundo caso, normalmente a taxa de juros é maior.

- Comprando no carnê, normalmente o cliente tem uma parcela fixa para pagar, além de juros e correção monetária. A taxa de juros praticada pelo mercado  varia de 6% a 9% ao mês.

Vantagens 

- Consumidores apostam na modalidade pensando nas parcelas mensais que cabem no bolso.

- Ele consegue consumir o que precisa, mesmo estando sem condições de fazer o pagamento a vista. 

- Em um momento de necessidade, em que a economia está fragilizada e o  consumidor precisa de crédito para consumir, o carnê vem como uma importante possibilidade. 

- Por isso, especialistas apontam que os consumidores que recebem esse crédito de confiança, honram seus compromissos. O consumidor que cumpre seu compromisso também vai criando uma relação de confiança com o lojista.

Análise de crédito

- Para comprar no carnê, o consumidor passa por um processo de análise de crédito. Assim é verificado se ele tem condições de pagar aquela conta, com juros e correções no prazo estipulado. As parcelas podem ser de até 46 vezes.  

- Algumas lojas que oferecem crediário próprio avaliam o histórico de compras dos clientes. O cadastro positivo contribui para a aprovação do crédito. 

- Já financeiras costumam trabalhar com outras exigências também. Algumas  tem como um dos requisitos que o  cliente tenha  carteira assinada há pelo menos seis meses, por exemplo. 

Escolha

- Algumas consumidores utilizam o carnê por não terem  conta em banco ou cartão de crédito e débito, mas precisam parcelar suas compras. 

- Em alguns casos, o consumidor opta pelo carnê pela facilidade de fazer suas contas de gastos, sabendo exatamente quanto tem que pagar e quando. 

- Assim ele pode encontrar um método de pagamento que caiba  no seu bolso mensalmente. 

- Há consumidores que querem fugir do risco de cair nos juros do cartão de crédito.

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