Bancos fecham mais de duas mil agências

| 11/10/2021, 18:58 18:58 h | Atualizado em 11/10/2021, 19:06

A pandemia de covid-19 acelerou o processo de digitalização do sistema financeiro e adiantou um movimento que já estava em curso: o de redução de dependências físicas. Do início da crise sanitária para cá, houve fechamento em massa de agências, e 89 municípios perderam atendimento bancário presencial.

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-10/372x236/cartaz-em-agencia-fechada-devido-a-pandemia-digitalizacao-e-crescente-271e337bdbf9855ae423d1feeee4e3ac/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-10%2Fcartaz-em-agencia-fechada-devido-a-pandemia-digitalizacao-e-crescente-271e337bdbf9855ae423d1feeee4e3ac.jpeg%3Fxid%3D191544&xid=191544 600w, Cartaz em agência fechada devido à pandemia: digitalização é crescente

Em agosto deste ano, último dado divulgado pelo Banco Central, 43,4% das cidades brasileiras (2.427) não possuíam agência bancária. Em março de 2020, quando o vírus chegou ao país, eram 2.338.

Os bancos argumentam que cresceu o uso dos canais remotos (como celular, computador e tablet) nos últimos anos e que o processo de digitalização dos clientes foi intensificado na pandemia.

Nesse período, aumentou também o número de municípios que, além de não contarem com agência, também não possuem pontos de atendimento presencial ou caixa eletrônico —de 377 para 384.

Desde o início da pandemia, foram fechadas pelo menos 2.080 agências em todo o país. Em agosto, eram 17.795, contra 19.875.

Para o professor de finanças da FGV Rafael Schiozer, a tendência é que as instituições financeiras fechem mais agências. “É um processo que vai continuar por alguns anos", ressalta, ao dizer que a maior parte das unidades encerradas estavam nas capitais ou em grandes cidades, que são bem assistidas pela rede bancária.

O especialista destaca ainda que, mesmo com gargalo na inclusão digital da população, o saldo é positivo.

“A inclusão digital promovida é maior que a perda com fechamento de agências”, diz.

Joaquim Melo, coordenador da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, conta que em municípios sem estrutura bancária, quem não tem acesso à internet precisa ir a outra cidade para receber o auxílio emergencial ou outros benefícios do governo porque não contam com assistência presencial.

“Em alguns municípios do Amazonas e em populações ribeirinhas é uma verdadeira peregrinação. Por vezes as pessoas demoram cinco dias para chegar à cidade mais próxima que possui caixa eletrônico e pode acontecer de não ter mais dinheiro no terminal porque muita gente saca ao mesmo tempo.”

Ele diz que o governo precisa criar soluções para municípios sem acesso à internet e sem banco porque o movimento de fechamento de agências não vai ser revertido.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: