X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Cidades

Conheça os dez últimos veteranos de guerra no Estado


Lá se vão 75 anos desde o término da Segunda Guerra Mundial e, para os 10 veteranos de guerra que ainda vivem no Estado, muitas memórias estão bem vivas. Os “pracinhas”, como são chamados, integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e sobreviveram aos combates travados na Itália.

São eles: Anacleto Brunoro (100 anos), Altivo Vedova (99 anos), José Jacinto da Silva (99 anos), Wilson Lopes (98 anos), Estevão Covre (98 anos), Raymundo Barbosa Ramos (98 anos), Agostinho Ferreira da Silva (96 anos), Raimundo Delmiro de Sá (92 anos), Camilo Cola (96 anos) e Manoel Arêas Neto (99 anos).

Ao todo, 25.334 brasileiros embarcaram para a Itália onde lutaram sob o comando dos Estados Unidos. Destes, 465 morreram na guerra. Do Espírito Santo, partiram 345 combatentes e 12 deles não retornaram.

Os heróis de guerra entraram para a história depois de expulsar os alemães da Monte Castello, no norte da Itália, em 1945. Ali era um ponto estratégico, de acesso ao norte italiano e à França, onde os brasileiros mantiveram os alemães ocupados e sem chance de se deslocarem para outras regiões tomadas por aliados.

Além de tiros, bombas e perdas de amigos, os “pracinhas” enfrentaram um duro inverno com temperaturas de 15 graus negativos. Mas não deixavam a solidariedade brasileira de lado. Ficaram conhecidos por serem bondosos com os prisioneiros e ainda compartilharem comida e medicamentos com a população italiana.

O praça Estevão Covre, de 98 anos, tem a audição falha e já não consegue conectar muito bem as ideias, mas se lembra bem dos momentos que viveu na guerra.

Imagem ilustrativa da imagem Conheça os dez últimos veteranos de guerra no Estado
Estevão Covre, de 98 anos, tem a audição falha e já não consegue conectar muito bem as ideias, mas se lembra bem dos momentos que viveu. na guerra |  Foto: Kadidja Fernandes/at

Comerciante de sucesso, ele atribui à batalha tudo o que conquistou, devido à disciplina e respeito pelo próximo que teve de aprender a ter.

Estevão — que era 2º sargento do Exército — contou que era muito “respondão” e, por isso, seu pai desejava que ele iniciasse a carreira militar para desenvolver mais disciplina e responsabilidade. “Eu tenho muita saudade dos anos da minha carreira. Tudo o que sou e o que tenho aprendi no Exército”, lembrou.

“Eu podia ter morrido naquele período”

Imagem ilustrativa da imagem Conheça os dez últimos veteranos de guerra no Estado
O veterano Raimundo Delmiro de Sá, de 93 anos, é natural da Paraíba, mas escolheu o Espírito Santo para viver |  Foto: Rodolfo Sperancin Della Valentina

O veterano Raimundo Delmiro de Sá, de 93 anos, é natural da Paraíba, mas escolheu o Espírito Santo para viver. O militar reformado (2º sargento do Exército) mora atualmente em Santa Teresa, região serrana do Estado.

Ele iniciou a carreira militar aos 18 anos, a pedido de seu pai. Foi convocado para a guerra e passou seis meses na Itália. No país europeu, Raimundo de Sá atuou na tropa brasileira como soldado.

“Significa muito ter ido para a guerra. Tenho muito orgulho de ter defendido a bandeira do País. Eu podia ter morrido naquele período. Ainda sonho com as batalhas”, contou.

“Sonho com a guerra todas as noites”

Imagem ilustrativa da imagem Conheça os dez últimos veteranos de guerra no Estado
Altivo Vedova, de 99 anos, é um dos ex-combatentes (3º sargento do Exército) do Estado |  Foto: Rodolfo Sperancin Della Valentina

O pracinha Altivo Vedova, de 99 anos, é um dos ex-combatentes (3º sargento do Exército) do Estado. Capixaba e morador de Itaguaçu, o “pracinha” passou cinco anos da guerra na Itália.

Ele iniciou a carreira no Exército Brasileiro aos 20 anos e disse ter muito orgulho de ter servido o País. “Perdi colegas e familiares. Fui convocado para as batalhas e participei até da tomada de Monte Castello. Ainda hoje, sonho todas as noites com a guerra”, comentou.

Cem anos de memórias

O “pracinha” Anacleto Brunoro, morador de Castelo, comemorou no domingo (3) 100 anos de vida. A pedido de A Tribuna, ele contou um pouco de suas memórias e das coisas que viveu na Itália durante a II Guerra Mundial.

Muito lúcido, ele lembrou que decidiu seguir carreira no Exército em 1940, aos 20 anos de idade. Quatro anos depois, embarcou para o país europeu.

Imagem ilustrativa da imagem Conheça os dez últimos veteranos de guerra no Estado
Morador de Castelo, Anacleto Brunoro mostra diploma de campanha. |  Foto: Arquivo Pessoal

“Foram 15 dias e 15 noites a bordo do navio que nos levou para a Itália. A guerra é muito difícil. Perdi um amigo, tive de morar no meio do mato. A guerra é só coisa ruim”, contou.

Anacleto lembrou que era cabo do Exército no Brasil, mas combateu na Itália como sargento. Hoje sua patente é 2º tenente da Reserva do Exército Brasileiro. Ele passou um ano e quatro meses defendendo os interesses brasileiros na Itália.

Orgulho

As memórias da época emocionam o militar reformado e, para ele, servir ao Brasil durante o período é motivo de orgulho para uma vida. O praça carrega, da época, um diploma de campanha e a memória de uma bênção do Papa Pio XII, além de algumas fotos, um cantil e prato e talheres que usava para se alimentar durante o tempo em que esteve no combate.

“Eu fui para a guerra porque tinha de ir, fui mandado. Até hoje eu não entendo o motivo dessa guerra. Só sei que não aprendi nada com ela, porque eu só gosto de aprender coisa boa”, afirmou.

Sobre o centenário, Anacleto contou que sempre achou que fosse viver muito depois de ter saído ileso da guerra. “Sempre tive muita saúde. Só que meu aniversário esse ano vai ser ruim, com essa história de ficar isolado”.

Sobre a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), Anacleto comentou que está pior do que o período de guerra. “De cinco mil combatentes lá da minha equipe, morreram 428. Esse vírus está matando muito mais gente”.

Para os novos soldados do Exército, o “pracinha” alertou: tenham respeito por essa farda. “O Exército é a melhor escola do mundo. Se vocês não respeitarem, por pouca coisa vão parar na cadeia. Tem de respeitar a farda e o serviço pelo Brasil”, concluiu.

Pelos seus 100 anos e pelo que representa para o País, Anacleto será homenageado hoje com a medalha Marechal Mascarenhas de Moraes.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: