Se é possível alguém aproveitar, não é lixo!
Coluna foi publicada no sábado (09)
A palavra “lixo” é usada, historicamente, para designar aquilo que já não tem mais serventia para quem o descarta, mas nós precisamos mudar esse raciocínio, em prol de uma sociedade mais sustentável. O que não serve para alguns pode ter grande valor para outros. Logo, nem tudo que você descarta é lixo. Lixo é somente aquilo que não dá mais para ninguém aproveitar!
O significado da palavra foi, inclusive, atualizado recentemente, a fim de conscientizar as pessoas sobre a importância da “cultura dos Rs”, de reduzir, reutilizar, reciclar e repensar.
Lixo, segundo o dicionário, agora designa “qualquer material que ainda não pode ser reciclado ou reutilizado ou compostado”. Resíduo é o termo adequado para se referir a algo que foi descartado por alguém, mas passa a ter utilidade em outro processo produtivo, como matéria-prima na indústria, por exemplo, por meio da reciclagem.
A forma como falamos para descrever esses materiais desempenha papel importante na mudança de mentalidade em relação ao descarte. Mais do que uma reavaliação da linguagem, é necessário que cada um faça uma reavaliação da própria consciência ambiental. Antes de considerar que algo é descartável, avalie se, em algum lugar da cadeia produtiva, ele pode ter utilidade e propósito.
A economia circular é um conceito que ganhou destaque, nos últimos anos, e propõe que os resíduos não sejam vistos como algo a ser eliminado, mas, sim, como recursos que podem ser reintegrados ao ciclo produtivo.
Essa conscientização fortaleceu, inclusive, a busca por meios de diminuir a quantidade de rejeitos no meio ambiente. Muitas coisas que antes eram realmente lixo, que tinham como única possibilidade de destino o aterro sanitário, agora já não são mais, porque podem passar por tratamentos que as tornam úteis novamente.
Materiais recicláveis, por exemplo, têm potencial para serem transformados em novos produtos, evitando a extração de mais recursos da natureza e reduzindo os impactos ambientais. Pesquisadores têm se debruçado sobre isso, desenvolvendo soluções para reduzir o impacto do consumo sobre o meio ambiente e a nossa própria sobrevivência. Pessoas criativas, Brasil afora, inventam, dia a dia, soluções para transformar o que seria rejeito em algo funcional.
Essa conscientização, entretanto, precisa fazer parte do cotidiano das pessoas, nas residências, nas empresas, na rotina diária de separar o que tem ou não chance de ser aproveitado. Um levantamento da Abrelpe, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, mostra que, apesar de mais de 70% das cidades brasileiras já possuírem coleta seletiva, só 30% das pessoas separam, em casa, o lixo seco do orgânico.
Chamar algo de “lixo” pode perpetuar a ideia de que é sem valor, quando, na realidade, deve-se reconhecer o potencial desses materiais para serem reaproveitados, reciclados ou transformados em recursos valiosos.