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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Para que greve em universidade pública?

Coluna foi publicada nesta terça-feira (30)

Marcelo Barreira | 30/04/2024, 10:56 10:56 h | Atualizado em 01/05/2024, 12:22

Imagem ilustrativa da imagem Para que greve em universidade pública?
Marcelo Barreira é professor do Departamento de Filosofia da Ufes |  Foto: Divulgação

As universidades públicas estão em greve. Contudo, para além da conjuntura e das reivindicações atuais como resposta à questão acima, gostaria de pensar num paradoxo: como uma parada não estagna, mas faz mover uma instituição como a universidade para seu sentido “público”.

De início, esclareça-se que, obviamente, a greve é um ato extremo que não há de ser normalizado. No entanto, independentemente de seu caráter eventual, ela pode ser uma oportunidade para se transformar em um senso comum universitário.

Diante de uma razão moralizante de ajustamento ao já posto, a desestabilização trazida pela greve, como acontecimento e devir, sem exclusivismos ou absolutizações acerca do movimento, permite complexificar política e culturalmente a suposta eficácia do caráter operacional de uma ordem universitária instituída.

A greve há de evocar abertura instituinte a uma nova racionalidade. Um movimento paredista não é um crime quando sacode alvissareiramente uma institucionalidade, oxigenando suas relações com a história em transformação.

Definida no Dicionário Aurélio como a “interrupção voluntária e coletiva de atividades ou funções, por parte de trabalhadores ou estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação”, a greve incomoda um jeito de se viver a universidade para, quem sabe, retomar seu sentido maior de caráter público: a construção de um mundo melhor, em especial aos mais vulneráveis socialmente. Dar centralidade, ainda que episódica, à palavra “greve” dinamiza o preceito constitucional de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Segundo dados do Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou Ciência) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), houve perda orçamentária de 14,4% entre os anos de 2018 a 2022, chegando-se a um patamar de investimento inferior àquele de 2013. Nesse contexto, um sistema racional se reverbera por vozes do mercado, propondo ostensivamente, como “solução” a essa perda, a substituição do direito universal à educação superior pela prestação de serviços educacionais.

O ataque de setores financeiros ao investimento público em ciência e tecnologia, pretensamente “sensato” e “factível”, sedimenta equivocadamente uma lógica de mercado diante dessa perda orçamentária, impedindo alternativas e estabelecendo uma inação.

Enquanto instituição autônoma do Estado, a universidade vive a ambiguidade político-cultural de combater e reforçar essa lógica em seu interior. Nela há uma racionalidade marcadamente individualista de um empreendedorismo pautado por demandas mercadológicas. Contra essa acomodação ao discurso fatalista da ordem socioeconômica, a greve escandaliza.

Ao chacoalhar uma naturalização de procedimentos reproduzidos por inércia, mas que adoece alguns membros da comunidade universitária, a ação paredista faculta um resgate do sentido público de solidariedade entre trabalhadores e estudantes a (re)instituir a universidade como produtora coletiva (pública) de pesquisa, ensino e extensão, ressignificando-a.

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