O fio condutor na relação academia-mercado de trabalho
Coluna foi publicada nesta sexta-feira (20)
A proposição de soluções para a complexidade dos desafios da contemporaneidade não é tarefa simples. É preciso um olhar atento e multidisciplinar, criatividade e mente aberta para pensar além do óbvio e muita, mas muita resiliência. Essas são características inerentes à cultura da inovação e, talvez por isso, tem-se falado tanto sobre a importância de investir na formação de pessoas inovadoras e empreendedoras e de inserir a inovação nos currículos acadêmicos.
“Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais” e formar pessoas aptas “para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira” estão previstos como finalidade da educação superior, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seu artigo 43, incisos VI e II respectivamente (LDB/1996), mas não se efetivam de forma isolada. Inserir a cultura da inovação na formação dos profissionais para conhecer os reais problemas da sociedade e desenvolver habilidades e competências para atuar de forma mais eficiente, consciente e propositiva se faz, portanto, fundamental.
Nesse contexto, o diálogo e aproximação entre as instituições de ensino, mercado e sociedade é urgente. Com o objetivo de favorecer este diálogo e contribuir com a formação de futuros profissionais, surgem iniciativas como as que o hub de inovação Base27 tem desenvolvido para a conexão entre academia e mercado. Assumindo o papel de mediador, o hub realiza reuniões mensais com representantes de ambas as partes para discutir e planejar juntos projetos em parceria, tendo a inovação como fio condutor.
Base Científica, Hack27 ensino superior e Hack27 ensino médio, em que desafios reais são propostos aos alunos para, colaborativamente, desenvolverem uma solução, são algumas dessas propostas que nasceram a partir dessas reuniões e que têm contribuído para fortalecer essa relação. Mais do que isso, têm contribuído para instigar o aluno a buscar conhecimento, a se conhecer e perceber, antes de sua graduação, como é sua atuação diante de uma situação-problema real, a ter consciência de seus pontos fortes e a sair de sua zona de conforto, se tornando mais atuante como cidadão.
É uma iniciativa importante, que já apresenta resultados significativos, mas não pode ser exclusiva e nem temporária. Trabalhar com inovação talvez tenha resgatado a essencialidade de reconhecer a pluralidade dos saberes, de trabalhar colaborativamente, de errar e considerar o erro parte importante do processo e de se colocar no lugar do outro para entender de fato o problema e, só a partir daí, ser capaz de pensar em como atuar.
Que essa conexão se fortaleça e faça parte das agendas e planejamento das instituições de ensino e empresas porque, antes de tudo, trabalham com pessoas e, sendo assim, exercem o relevante papel de formá-las para atuarem de forma ética e consciente na sociedade.