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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Maria de Tupansy, uma santa indígena

| 10/07/2022, 11:36 11:36 h | Atualizado em 10/07/2022, 11:37

Desde o primeiro momento em que vi a divulgação e, depois, o lançamento dessa obra “Maria Tupansy – Auto da Assunção de São José de Anchieta” (Edições Loyola), do padre jesuíta Felipe de Assunção Soriano, fui tomado pela curiosidade e pelo desejo de lê-la (o que fiz com grande prazer, e recomendo a leitura). 

Devido ao interesse que tenho pela história jesuítica e, ainda mais, sendo resultado de uma tese de mestrado em teologia, onde suas pesquisas claramente revelam as profundas raízes que ligam São José de Anchieta à antiga Missão de Rerigtibá (hoje município de Anchieta). 

De fato, José de Anchieta ficou no Brasil pela impressão de suas digitais, presente em tantos lugares, sendo referência para atividades diversas. 

Percorreu matas, traçou caminhos, singrou mares, registrou viveres, mediou conflitos, selou alianças. Chegou estudante, peregrino incansável, focou a santidade, partilhou culturas, faleceu exaurido. Anchieta do Brasil. Anchieta da humanidade. 

Apresento “Maria de Tupansy” do auto “Quando levaram uma imagem a Reritiba”, escrito pelo padre José de Anchieta em 1590, serve-se do papel ordenador do matriarcado tupi e do lugar social do feminino na aldeia, como via de interlocução entre os indígenas e a figura de Jesus Tupã, pois a entronização dessa imagem de Maria Tupansy é, em última estância, a apresentação de seu filho Jesus Tupã como principal da aldeia. 

Essa figura máxima do sincretismo jesuíta (Jesus Tupã) oferece-nos caminho para consolidar do projeto religioso-cultural criada pelos membros da Companhia de Jesus em solo brasileiro, alegorizado, por um lado, a partir das deidades indígenas na figura do Trovão e, do outro lado, a partir da alegoria bíblica do Deus do Sinai na tradição judaico-cristã. 

A iconografia de Maria de Tupansy (imagem) é recebida na aldeia como pessoa, ou melhor, vestida do mando das mulheres principais, tornando-se a única autoridade na taba (aldeia) capaz de conduzir todo no caminho da fé. 

A importância dessa obra destaca-se pela originalidade, tanto na apresentação a seu leitor, com na riqueza de informações e detalhes, exercitando a verdadeira interface entre cultura, história e teologia. 

De fato, é uma revisita a história da Igreja Católica no Brasil a partir da prática do missionário José de Anchieta, não sem revelar também a “história” própria dos métodos catequéticos usados no período colonial que, entre limites e criatividade surpreende pelos muitos elementos culturais e sua maneira toda própria de exercer sua missão evangelizadora.

Finalizando, transcrevo a afirmativa do autor Felipe Soriano: “... afirmamos que a Maria apresentada por José de Anchieta é a da história, a da fé pascal, a da Igreja magisterial e a da piedade popular. 

Nessa obra, José de Anchieta quis reconhecer o lugar único que tem Maria no processo de evangelização e, ao introduzi-la nessa aldeia de missão, cercada dessas características, ele a entroniza no coração dos índios do Brasil, oferecendo aos nossos povos uma companheira insuperável como “utopia que dá força ao projeto e sustenta a esperança do povo de Deus (DPb n.298)”. 

Este livro é um verdadeiro documento histórico.

MANOEL GOES NETO  é escritor e diretor no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo

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