Estagiário hoje, colaborador amanhã
Artigo da coluna Tribuna Livre, do Jornal A Tribuna
Desde muito jovem, acredito que a melhor razão para existir é pensar na maneira como a gente impacta a vida do outro. Lembro de uma vez um amigo dizer: sempre que saio de um lugar, tento contribuir para que ele esteja melhor do que quando cheguei. Esse é um ensinamento que absorvi e levo para a vida. E não é apenas dos lugares físicos que falo aqui, mas dos espaços que ocupamos na história das pessoas.
Essa é uma postura que deve ser adotada por todos os gestores que, mais do que serem enxergados como chefes, querem ser vistos como líderes. E ela não deve se limitar a uma equipe específica, mas atingir a todos de forma igualitária, incluindo os estagiários.
Apesar das brincadeiras que os colocam como “levadores de culpa”, é preciso enxergar como o presente abre portas para o futuro. Afinal, o estagiário de hoje pode (e se for bem desenvolvido, deve) ser o colaborador de amanhã. E se esse caminho for trilhado, ganham todos.
Em primeiro lugar, vamos lembrar do objetivo que nos leva, enquanto gestores, a abrir vagas para jovens estudantes que desejam ingressar no mercado de trabalho: a contribuição para o seu desenvolvimento profissional.
Por isso, uma atitude prejudicial ao nosso negócio é enxergá-los como mão de obra barata. Imagine, por exemplo, quantos talentos passam por uma empresa sem terem a oportunidade ou espaço para mostrar o seu diferencial, porque ficam em atividades como carimbar páginas e fazer cópias de documentos.
É nossa obrigação viabilizar um ambiente em que esse jovem possa aprender e somar ao trabalho realizado. Com eles, também temos a oportunidade de refrescar a nossa visão. As tarefas rotineiras nos levam para os mesmos lugares, reproduzindo ações e modos de pensar. Por isso, é bom ter novas cabeças que questionem por que fazemos isso e não aquilo, por qual razão seguimos esse modelo e não outro... Estagiário inquieto é fonte de boas ideias e excelentes reflexões.
Em terceiro lugar, as vagas de estágio permitem instruir profissionais de acordo com a cultura da empresa e prepará-los para os desafios que terão que ser enfrentados.
E não adianta preparar bem um profissional para entregá-lo à concorrência. Com as portas certas se abrindo, ele pode contribuir muito para levar mais valor aos produtos e serviços que são entregues aos clientes.
Costumo dizer que tenho esse bom costume. Ao longo dos anos, diversos estagiários do Sistema OCB/ES passaram a integrar fixamente a equipe. Boa parte segue até hoje com a gente, fazendo a diferença e ajudando outros jovens profissionais a fazerem o mesmo. Alguns, inclusive, como gestores. Outros construíram o seu próprio caminho.
Mas, independentemente de onde eles estão ou aonde foram, sei que tenho cumprido o meu papel. E essa deve ser uma das nossas missões. Como líder, precisamos atuar para que o nosso trabalho impacte a vida daqueles a quem lideramos.
Carlos André Santos de Oliveira é diretor-executivo do Sistema OCB/ES e vice-presidente do Sebrae/ES.