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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Efeitos psiquiátricos da covid em crianças e adolescentes

| 29/07/2022, 11:04 11:04 h | Atualizado em 29/07/2022, 11:05

Quando a pandemia de covid-19 foi anunciada oficialmente pela OMS em março de 2020, muitas eram as especulações sobre a então nova doença que começava a assolar o globo com altos números de infecções e mortes.

O mundo perdeu milhões de pessoas antes que as vacinas fossem desenvolvidas e aplicadas. Depois, descobrimos que a enfermidade, mesmo quando curada, ainda podia deixar sequelas naqueles que foram infectados. 

O que não previmos é de que forma a covid pudesse ser avassaladora para os pequenos. Crianças e adolescentes, até então, eram considerados mais resistentes e, portanto, menos afetados pelo vírus. 

Em 2022, já é possível apontar como o SARS-CoV-2 afetou também a saúde da população acima dos 10 anos de idade. Dois estudos, um da revista inglesa The Lancet e outro publicado pelo americano The Journal of the American Medical Association –, mostram que as sequelas psiquiátricas são significativas, principalmente em relação ao desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão. 

Os estudos mostram elevação de depressão em cerca de 25% dos pacientes com mais de 10 anos infectados por covid. Já a ansiedade foi registrada em 20% dos participantes. Esses efeitos foram observados em até três meses após a infecção. 

É evidente que crianças e adolescentes não são imunes à doenças neuropsiquiátricas, mas o coronavírus trouxe prejuízos inegáveis. E o vírus SARS-CoV-2 tem predileção para se alojar no sistema nervoso central, o que torna as sequelas nesta área recorrentes. 

Outra conclusão desses estudos foi a projeção da gravidade dos quadros depressivos e ansiosos conforme a gravidade da doença. Pacientes que desenvolveram covid grave, com internação e intubação, por exemplo, tiveram ansiedade e/ou depressão tão graves quanto. 

Em relação às crianças e aos adolescentes, a palavra-chave é vigilância. Não é possível evitar que doenças neuropsiquiátricas se desenvolvam após a infecção pela covid, mas é viável dificultar que elas tenham consequências piores. Em caso de infecção pelo vírus, é interessante a consulta ao pediatra, que vai avaliar e tomar as primeiras medidas de intervenção terapêutica e fazer o encaminhamento a um psiquiatra. 

É necessário reconhecer que indivíduos nessa faixa etária podem ter quadros depressivos e ansiosos e ficar atento aos sinais: tristeza aparente, choro, dificuldades para comer ou dormir. Além disso, manter uma rotina de bons hábitos alimentares, incentivar a prática de exercícios e limitar o tempo de tela dos pequenos refletem em melhor qualidade de vida. Crianças precisam brincar e interagir socialmente para o processo de neurodesenvolvimento. 

Outra medida é a vacinação: pessoas imunizadas desenvolvem a covid com menor gravidade e, portanto, menores as chances de sequelas neuropsiquiátricas. 

JOSÉ LUIS LEAL DE OLIVEIRA é psiquiatra e diretor da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes)

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