Doenças que afetam a aparência e a importância da autoestima
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (09)
Situações de enfermidade, na maioria das vezes, trazem impactos que vão além das dores físicas. Comprometem a saúde emocional e podem desencadear quadros disfuncionais, como depressão, ansiedade, culpa e falta de esperança.
Há casos de patologias que comprometem o pleno funcionamento do corpo e também a aparência física, o que deixa a saúde mental ainda mais prejudicada. Diante de uma condição de doença, ainda é preciso enfrentar os conflitos com a autoimagem, lesando a autoestima e trazendo à tona sentimentos difíceis de se lidar.
Muitas são as condições que ocasionam mudanças à aparência, como queda de cabelos, ganho excessivo de peso, deformidades, entre outras alterações não desejadas. Dores que se originaram no corpo se estendem para a alma e se tornam capazes de piorar o quadro geral da saúde.
Doença inflamatória caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura em partes do corpo, o lipedema é um exemplo de patologia capaz de causar prejuízos físicos e emocionais, uma vez que afeta, na maioria das vezes, o público feminino. Crônico e sem cura, causa um volume excessivo de gordura em partes específicas do corpo, como pernas, braços, coxas e quadris, enquanto as outras áreas permanecem sem aumento de gordura.
Muitas pacientes relatam que se sentem em dois corpos: um da cintura para cima, com peso normal, e outro nas partes inferiores, com um tamanho excessivamente maior, incompatível e difícil de tratar. A doença pode impactar a percepção da própria imagem corporal, afetando a autoestima e desencadeando diversas reações emocionais diante desse diagnóstico desafiador.
A condição leva constantemente a paciente a lidar com sentimentos de sofrimento, vergonha, frustração e desejo de isolamento. No lipedema, assim como em diversas outras doenças, os impactos estéticos, assim como os físicos, fogem ao controle do paciente, mas a falta de informação e de empatia leva a estigmas e julgamentos que pesam ainda mais a jornada, já tão complexa. Quando esses problemas de aparência estão ligados ao excesso de peso corporal, as críticas são mais rigorosas e até desumanas.
Aliado ao tratamento médico especializado, dar a devida atenção à saúde mental é fundamental, especialmente nesse contexto de descontentamento com a própria imagem. É indispensável cuidar das emoções para lidar com os desafios da caminhada, que exige renúncias, disciplina para mudar hábitos de vida e, principalmente, fortalecimento para olhar para si mesma e perceber o valor que se tem, independente do diagnóstico que carrega e da aparência física indesejada que a doença ocasionou.
Para além disso, todos somos chamados a uma reflexão que contribui para um entendimento importante e necessário: a sensibilidade de se colocar no lugar do outro e se desprover de opiniões e conceitos que nada têm a agregar. Por mais mãos estendidas e menos dedos apontados. Desta forma, é possível remediar feridas e criar laços que apontam para a cura do corpo e da alma.