Combate à obesidade não precisa ser uma luta solitária
Artigo da coluna Tribuna Livre, do Jornal A Tribuna
A obesidade é uma condição bastante adoecedora. Seja pelas muitas comorbidades associadas ao excesso de peso corporal, seja pela dificuldade de combater o problema, que só tende a se agravar se nada for feito; e também pelo “estrago” que essa condição acarreta na saúde emocional dos pacientes.
Trata-se de um problema que cresce em escala mundial, principalmente com o marketing cada vez mais reforçado das comidas industrializadas e multiprocessadas, colocadas, muitas vezes, como soluções práticas de alimentação em meio ao corre-corre da vida moderna que nos impede de recorrer aos preparos tradicionais.
No primeiro semestre do ano passado, o Atlas Mundial da Obesidade realizou levantamento apontando que a estimativa é de que 1 a cada 5 mulheres e 1 em cada 7 homens sejam obesos em 2030, o que significaria 1 bilhão de pessoas no mundo.
Segundo o estudo, o Brasil é o quarto país do mundo mais afetado pela obesidade, perdendo para EUA, China e Índia.
Somadas a estas estatísticas, estão os indicadores científicos, que por meio de estudos associam com cada vez mais propriedade a obesidade a sérios problemas de saúde. Na lista, vêm as doenças cardiovasculares, risco de AVC e, pelo menos, 12 tipos de cânceres.
Sabe-se que o excesso de peso do corpo tem como suas principais causas o desequilíbrio alimentar, provocado pela falta de disciplina, pela compulsão alimentar ou qualquer outra desordem que resulte em uma dieta desregrada. E é preciso estar ciente da necessidade de ajuda.
Ao contrário do que boa parte das pessoas pode pensar, nem sempre é possível se ajudar sozinho. O mesmo pensam os fumantes e alcoolistas, que muitas vezes afirmam: “Quando eu quiser, paro”.
Por isso, é fundamental buscar ajuda para que se tenha a real dimensão do problema e quais tratamentos serão necessários para que o sobrepeso seja combatido, sem culpas, sem promessas e sem frustração.
Outro fator que precisa ser levado em conta é o emocional. À medida que o sobrepeso ganha força, caem a autoestima, autoconfiança, e o indivíduo acredita que não tem forças e tampouco capacidade de lutar para mudar a situação.
De acordo com o estudo Obesidade e Gordofobia – Percepções para 2022, da Sociedade Brasileira de Metabologia e Endocrinologia, 85,3% das pessoas consideradas obesas no País já passaram por situações de gordofobia.
O preconceito por si só já é injustificável, e com ele vem todo um legado associado à crença da incapacidade de combater o problema. “Não consigo parar de comer”, “Não tenho tempo e nem disposição para fazer atividade física”, “meu corpo é assim e não vai mudar”, “vão ter que me aceitar como sou”, e por aí vai.
Obesos sofrem de doença crônica e, por isso, devem ser tratados devidamente, de corpo e mente, de forma responsável, multidisciplinar e com tratamento mais adequado para cada caso.