A sociedade precisa saber mais sobre a agricultura familiar

| 02/08/2020, 08:54 08:54 h | Atualizado em 02/08/2020, 10:22

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-08/372x236/guilherme-gomes-de-souza-f1c6160a116cbcd68a329cd8e5390af4/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-08%2Fguilherme-gomes-de-souza-f1c6160a116cbcd68a329cd8e5390af4.jpeg%3Fxid%3D135080&xid=135080 600w, Guilherme Gomes de Souza
Não há governante que, nos dias atuais, consciente do seu papel, não compreenda a necessidade de se investir num setor tão importante para o povo brasileiro.

Muito se fala em manutenção do homem no campo. E há muito que se falar. As cidades, pressionadas por edificações, sem planejamento em função de loteamentos clandestinos e construções irregulares num contexto que exige uma demanda de fiscalização que raramente está disponível.

O efeito dessa realidade está no cômputo de uma triste e cruel realidade: a degradação do meio ambiente, causada por contaminações de corpos hídricos, solos e, o mais alarmante, condições de vida sub-humanas.

A responsabilidade social, que advém sobretudo de ações de governantes, é o único caminho a ser percorrido. Nessa realidade entra o providencial papel da agricultura familiar, que, além de manter o homem no campo, onde via de regra ele quer ficar com sua família, e evitar a superlotação de cidades, tem sua base fincada numa relação de equilíbrio com o meio ambiente, levando em conta a questão da sustentabilidade, que se produz e trabalha com sensibilidade, levando em consideração a capacidade de suporte da natureza, que a despeito do que o senso comum parece acreditar, não é infinita, sobretudo por conta do desrespeito constante.

Fomentar a agricultura familiar de forma ampla e contundente, é a obrigação de qualquer governante sensível ao seu papel, sobretudo nos dias atuais, em que a natureza clama com menos força e mais necessidade, encontrando eco em pessoas que, felizmente, têm entendido, cada vez em número maior, que consumir alimento de qualidade, produzido com sustentabilidade, é a melhor forma de pressionar o poder público a investir na fonte desse produto.

É elementar que esse tipo de atividade sempre trará um desenvolvimento salutar, com ênfase no alicerce da responsabilidade social, ambiental e econômica, pois cerca de 70% dos alimentos produzidos no Brasil têm origem nesse segmento.
É preciso ressaltar a importância de abrir espaços físicos públicos e disponibilizar recursos para que agricultores familiares, muitos já organizados em cooperativas ligadas ao setor, possam comercializar seus produtos.

Iniciativas nesse sentido estão em decisões tomadas recentemente por vários estados, inclusive o Espírito Santo que, através do Banestes, destinou R$ 200 milhões em créditos para trabalhadores e trabalhadoras, abriu espaço especificamente para os mesmos nas Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), por incentivo da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), e decidiu destinar o montante de R$ 12 milhões para compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar para serem consumidos nas redes de ensino.

O sustento da terra sendo retirado sem destruir a natureza e mantendo o homem no campo com mais condições. É disso que precisamos para que o homem do campo possa viver ali, fazendo o que faz com prazer, muitas vezes sem ter noção da dimensão da importância do que faz, que é alimentar a alma do planeta.

GUILHERME GOMES DE SOUZA é diretor presidente da Ceasa-ES

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