Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Opinião Internacional

Colunista

Os tempos da diplomacia

Coluna foi publicada no domingo (04)

José Vicente de Sá Pimentel | 05/08/2024, 12:11 12:11 h | Atualizado em 05/08/2024, 12:11

Imagem ilustrativa da imagem Os tempos da diplomacia
José Vicente de Sá Pimentel é embaixador aposentado |  Foto: Divulgação

Uma semana após as eleições de 28 de julho na Venezuela, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não apresentou as atas que confirmariam a vitória de Nicolás Maduro. Ocorre que a oposição fotografou documentos e avaliou que a vitória foi de Eduardo González Urrutia.

Protestos se multiplicam em Caracas, com enfrentamentos entre populares e as forças bolivarianas. Um dado importante é que os manifestantes não são mais da classe média, como ocorria antes. Estão descendo das favelas de Caracas, que até pouco tempo atrás eram maciçamente chavistas. Trata-se de uma novidade perigosa para Maduro.

No Brasil, intensificam-se as críticas à lentidão da diplomacia. Comentaristas ficam incomodados com os processos diplomáticos, ainda mais lentos do que os da democracia interna. Imaginam conluio do Itamaraty com o núcleo duro petista, que apoia Maduro, uma bizarria contestada com elegância e objetividade pelo senador Fabiano Contarato.

Eis, senão, quando o secretário de Estado americano, Anthony Blinken, joga água na fervura e se pronuncia a favor da vitória eleitoral de González Urrutia. Cometeu dois erros: aguçou o protagonismo dos radicais de esquerda e igualou-se a Maduro, ao proclamar a validade de resultados eleitorais não auditados.

A nota de 29 de julho do Itamaraty considera indispensável a apresentação transparente dos dados desagregados por mesa de votação, e exige que a vontade popular seja respeitada. Para tanto, é de supor que as atas a serem apresentadas pelo CNE terão de ser cotejadas com as da oposição e só então autenticadas como autêntica expressão da verdade das urnas. Impõe-se perguntar: como fazer isso, na prática, se Maduro e seus generais não cooperam?

Em política, situações limite demandam grandes gestos. É provável que o comunicado conjunto emitido na última quinta-feira por Brasil, Chile e México inspire-se nesse modelo.

Um passo adicional será, talvez, uma visita a Caracas dos três presidentes, que representam os países com representatividade regional e peso suficiente para influir no processo. Acionar as Nações Unidas seria inútil, pois China e Rússia vetariam qualquer iniciativa contra Maduro no Conselho de Segurança. A OEA tornou-se irrelevante depois que o secretário-Geral da Organização, Luiz Almagro, anunciou a intenção de pedir ao Tribunal Penal Internacional a prisão de Maduro.

Almagro errou ao querer jogar para a arquibancada numa hora dessas. O Tribunal não tem soldados, quem os tem é o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, que há quatro dias juntou 20 generais à volta de Maduro e os fez gritar: “Leais sempre, traidores nunca”.

A retórica bolivariana é um tanto rebarbativa, mas o grito indica que a cúpula do Exército está com Maduro, pelo menos por ora.

Elio Gaspari relata que os Estados Unidos organizaram em 1964 uma “operação de apoio” ao golpe militar no Brasil, que consistia em mobilizar um porta-aviões, helicópteros, paraquedistas, seis contratorpedeiros com 100 toneladas de armas e quatro petroleiros.

Não foi preciso realizar a “operação” naquela oportunidade e, com certeza, nada semelhante figura na atual agenda americana. As atenções do Pentágono passam longe do Caribe.

Neste momento, tropas e navios de guerra americanos estão sendo deslocados para o Mediterrâneo e o Mar Vermelho, a fim de proteger Israel de um possível ataque do Irã, que responsabilizou Netanyahu pelo assassinato de Ismail Haniyeh durante as cerimônias de posse do presidente Masoud Peseshkian.

Em suma, por mais doloroso que seja, sobretudo para os venezuelanos, não se visualiza uma solução rápida para a crise na Venezuela. Pode-se contudo presumir que a diplomacia brasileira continuará seu trabalho, mantendo abertas as portas para entendimentos democráticos, estimulando o diálogo e as soluções pacíficas, cuidando das fronteiras comuns e protegendo os interesses dos cidadãos brasileiros que se encontram na Venezuela ou que tenham negócios com aquele país.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: