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Opinião Internacional

Colunista

O conflito entre Israel e Irã

Coluna foi publicada no domingo (06)

José Vicente de Sá Pimentel | 07/10/2024, 11:13 11:13 h | Atualizado em 07/10/2024, 11:13

Imagem ilustrativa da imagem O conflito entre Israel e Irã
Bombardeio de Israel em cidade do Líbano: violência israelense não for sequer mencionada na edição de quinta-feira do "The Times", jornal londrino que produziu reportagem sobre a morte de soldados israelenses em batalha contra o Hezbollah |  Foto: HASSAN AMMAR/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A primeira página da edição de quinta-feira do “The Times” de Londres ostentava a manchete: “Oito soldados israelenses morrem em batalha contra o Hezbollah”. Os oito foram vitimados quando o exército israelense invadia bairros de Beirute, apoiados pela Hel HaAvir, a super bem equipada força aérea da Israel, a primeira a usar os caças F-35, que os Estados Unidos não vendem para nenhum outro país.

A destruição e as mortes causadas no Líbano pelos bombardeios militares israelenses não são sequer mencionadas na primeira página do jornal inglês.

A imprensa americana tenta ser um pouco menos parcial, com magros resultados. As questões israelenses são tratadas também nos EUA como se fossem um tema da política interna. As novas comunidades descendentes de imigrantes árabes tentam se organizar e ganhar uma voz política, mas o sentimento pró-Israel tem raízes profundas.

Isso é sobretudo válido para o Partido Democrata, que mantém uma ligação histórica com líderes judaicos. Vejam que no mesmo dia em que David Ben-Gurion proclamou a constituição do Estado israelense, Harry Truman reconheceu a nova nação. O relacionamento nunca esmoreceu desde então.

É claro, porém, que a empatia era maior quando Israel era governado pelo Partido Trabalhista de Yitzhak Rabin e Ehud Barak. A diplomacia israelense negociava, então, os Acordos de Oslo, visando à consolidação da paz com um Estado palestino. Com o Likud e, em particular, com Benjamin Netanyahu, as coisas nunca foram fáceis. Mais difíceis ainda se tornam num ano de eleições presidenciais nos EUA. Diante da possibilidade de um cessar-fogo que favoreceria poderosamente a candidatura de Kamala Harris, Netanyahu, que aposta em Trump, amplia o conflito e, além do Hamas, ataca o Hezbollah.

Não é só no Brasil que a política cria situações intricadas. Hoje, em Israel, o governo está desgastado e a percepção geral é de que a convocação de novas eleições precipitaria o seu fim, com, ademais, a provável imputação de seus integrantes por crimes de guerra.

Embora Netanyahu seja um político habilidoso, seu destino está cada vez mais atrelado ao de seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e aos generais de linha dura que exigem a destruição do Hamas, do Hezbollah e agora do Irã, que patrocina os grupos paramilitares islâmicos.

Ocorre que o Irã é um grande produtor de petróleo, tem instalações de enriquecimento de urânio e, de acordo com a AIEA, vem aumentando o seu estoque de urânio enriquecido, o que permitiria, em tese, a confecção de bombas atômicas.

Os locais onde se encontram as ultracentrífugas visitadas pela AIEA são conhecidos, mas há o risco de que os iranianos tenham enterrado outras em montanhas, a profundidades inatingíveis pelas bombas perfuradoras israelo-americanas. A crer nisso, um contra-ataque seria possível.

Para a campanha de Kamala, a possibilidade de utilização de artefatos atômicos em Israel, junto com a pressão inflacionária decorrente do bombardeio de portos exportadores de petróleo e gás iranianos, seria um verdadeiro inferno astral. O cenário se configura ainda mais ameaçador, dada a possibilidade de intervenções da China e da Rússia, que se posicionaram a favor do regime de Teerã.

Além do Reino Unido, poucos países europeus têm afinidade com o atual governo israelense, o que coloca uma interrogação sobre o posicionamento da Otan diante de um conflito. Entre os árabes mais importantes, nenhum parece comprometido com o Irã, mas nenhum se permitiria sequer ser percebido como aliado de Israel.

Achei instigante a imagem utilizada pelo historiador Jonathan Piron para definir a posição da Arábia Saudita, que ficaria se equilibrando entre Netanyahu e Khamenei, sem confiança para dar as costas a nenhum dos dois.

De minha parte, mantenho o entendimento de que a única solução possível para a tragédia em curso no Oriente Médio é o restabelecimento de um processo negociador decisivo, em direção à criação do Estado Palestino. Sem isso, a resistência continuará, o terrorismo internacional aumentará, a insegurança punirá todos nós.

Imagem ilustrativa da imagem O conflito entre Israel e Irã
José Vicente de Sá Pimentel é embaixador aposentado |  Foto: Divulgação

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