Os desafios para alcançar turistas
Confira a coluna
Não é possível oferecer atrativos turísticos desvinculados de hotéis. Entendemos que nosso crescimento só virá com sinceros investimentos nas operadoras e agentes de turismo, que possuem papel fundamental no convencimento do turista na escolha de novos destinos.
O comportamento de compra dos viajantes tende a se concentrar em destinos já consolidados, para onde muitos já estão indo e que podem ser comprados facilmente, até por meio de robôs.
Precisamos de vendedores do nosso destino. Para mudar isso, é necessário que alguém fale para o viajante que o Estado é muito mais e pode oferecer mais que as imagens vistas nas redes sociais e na TV.
Diante disso, gostaria de abrir um parêntese para parabenizar a diretoria do Sebrae pela iniciativa estratégica de começar o trabalho com operadoras de turismo, lançando editais para promover o Estado. Essa é, sem dúvida, a direção correta a seguir.
Considero importante destacar que as mídias sociais ainda são tímidas, tanto em nível estadual quanto municipal. Alguns municípios sequer têm presença nas redes sociais, e, quando há investimentos, são feitos só em datas comemorativas e afins.
Para que tenhamos um turismo constante e sustentável, precisamos de investimentos contínuos ao longo dos 12 meses do ano.
É necessário definir um orçamento para essas ações. Por exemplo, no caso do Estado, a verba para o setor de turismo deveria ter, no mínimo, 10% do valor bruto em ações de mídia digital.
Esse modelo deveria ser seguido também pelos municípios que desejam desenvolver o turismo local. O esforço deve ser conjunto, com comprometimento de todos os envolvidos.
No contexto de trabalho com as operadoras e agentes de turismo, é preciso oferecer pacotes com valores diferenciados, que saiam da rotina do dia a dia. O hotel deve ser o ponto de partida para os atrativos turísticos.
Vitória ou Guarapari precisam ser sempre nossos pontos de recepção, com estadias de 2 a 4 dias, intercalando com 2 a 4 dias nas Montanhas Capixabas ou em outras regiões que tenham infraestrutura hoteleira para receber turistas de maneira qualitativa.
No caso das Montanhas, não adianta incluir finais de semana. Isso deve ser reservado para Vitória ou Guarapari, pois as montanhas devem ser vendidas de segunda a sexta-feira.
Em minha opinião, é necessário um esforço concentrado daqueles que realmente querem ver o turismo se destacar no estado. Todos precisam ceder um pouco. Isso inclui as empresas de receptivos, que devem ter valor determinado com grupos de 2 a 12 pessoas.
No caso de grupos de 2 pessoas a ideia é pagar os custos da operação, sempre com a meta de crescer até 12 ou 50 pessoas (em ônibus). Atualmente, vejo muitos hotéis nas Montanhas Capixabas concentrando seus esforços e lucros só no inverno, ainda assim, com ocupação média de 70%.
No entanto, nos outros períodos, a ocupação não passa de 40%. Se considerarmos os hotéis em Vitória e Guarapari, a situação não é diferente: há picos de ocupação de 100%, mas a média de ocupação não ultrapassa os 65%.
É nessa ociosidade que precisamos focar nosso trabalho. Precisamos colocar esses pacotes nas operadoras, oferecendo lucros reais para elas, para que haja interesse em vender o Espírito Santo.
O retorno não virá agora, mas é hora de fazer a semeadura. Com certeza, muitas sementes serão perdidas, mas o resultado virá, sem dúvida, em prazo de 3 a 5 anos, ou até um pouco mais.
A colheita chegará, mas se não semearmos, não teremos o que colher. Não adianta apenas falar; o resultado não virá sem ação. Alguns poderão se destacar com voos solo, mas com custos elevados, sem retorno direto dos resultados da própria hotelaria.
VALDEIR NUNES é empresário dono do hotel fazenda China Park