Janeiro Branco, viva a saúde mental!
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (11)
Quando seu joelho dói você vai ao ortopedista, né?! O Janeiro Branco está aí para te alertar que ansiedade exacerbada, depressão, Burnout não são mimimi … e doem assim como o joelho ou até mais! Em 2023 a lei 14.556 instituiu a campanha Janeiro Branco, dedicada à promoção da saúde mental e indica que no referido mês “serão feitas campanhas nacionais de conscientização da população sobre a saúde mental, que vão abordar a promoção de hábitos e ambientes saudáveis e a prevenção de doenças psiquiátricas, com enfoque especial à prevenção da dependência química e do suicídio”. Mas, por que instituir um mês para isto é tão importante??
Primeiro que muitas pessoas acreditam que problemas psicológicos são “bobeira”. E aí que o começamos a ter problemas. Afinal, se é “bobeira” porque eu vou procurar um médico ou especialista? E se é “bobeira”, eu não tenho que dar atenção para aquele que está sofrendo.
Não é à toa que de acordo com Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2023, houve 16.262 registros de suicídio no Brasil no ano de 2022. Foram cerca de 44 vidas perdidas por dia só no Brasil.
Segundo, porque quando falamos de saúde mental muitos associam o conceito com a ideia de loucura e, por causa disso, negam o que sentem e mesmo que não o façam, negam a busca pela ajuda.
“Eu não tô doido para ir em psicólogo!” é uma das frases que eu mais ouço por aqui quando alguém se nega a fazer terapia. Isto é um resquício cultural histórico, que, infelizmente, acompanha a saúde mental. Pois quando falamos dela nossa cabeça nos remete a doença! E quando falamos de saúde mental já pensamos em loucura! A imagem daquela pessoa presa em uma camisa de força passou pela sua cabeça? Na de muitas pessoas passou!
Saúde mental, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade.
Isso passa a ser visto de forma mais veemente no Brasil com a Luta Antimanicominal. Neste movimento, iniciado na década de 1970, profissionais da saúde mental buscam desmistificar as doenças mentais e trazer para a sociedade que todo o cidadão tem garantido o direito à liberdade, à vida em sociedade e a um tratamento humanizado (sem amarras manicômios).
A reforma psiquiátrica grita em alto e bom tom que NÃO SOMOS a doença! Nós somos NÓS! E propõe tratamentos humanizados ambulatoriais, transformando as internações em exceções. Em nosso Estado há dez anos a campanha é realizada pela Secretaria de Saúde. Este ano o tema é “Saúde mental enquanto há tempo! O que fazer agora?”.
Vão acontecer ações destinadas à promoção da conscientização sobre o cuidado e à prevenção dos transtornos mentais, e ainda incentivo e orientação para que as pessoas busquem ajuda psicológica. Instrumentos públicos que foram instituídos para a organização e oferta deste tratamento humanizado. Nos Centros de Atendimento Psicossociais (CAPS), encontrados na maioria dos municípios, há equipes especializadas em saúde mental. E caso na sua cidade não haja um CAPS, na sua Unidade Básica de Saúde há acolhida e orientação.
O que não podemos mais é achar que a tristeza que nunca vai embora é normal e vai passar! Que a angústia que toma nosso peito em nós faz debulhar em lágrimas constantemente é “bobeira”. Que as confusões que perpassam pela nossa cabeça são não podem expostas! Sofrer faz parte da vida humana … mas tem limite e tratamento! Busque ajuda!