“Nós sofremos porque vivemos mito da perfeição”, diz terapeuta

| 16/08/2021, 11:12 11:12 h | Atualizado em 16/08/2021, 11:18

Ao mesmo tempo que traz inovações, aproxima pessoas e democratiza informações, a internet supervaloriza e estimula a busca pelo perfeito. Mas especialistas alertam que o perfeito não existe, e essa procura causa frustração, ansiedade, tristeza e sensação de fracasso.

“As redes sociais vendem que é feio ser imperfeito, é humilhante ser incapaz de fazer algo. Então, tem de ser bom, belo e forte o tempo todo. Isso é muito ruim porque distorce a realidade humana. Nós sofremos porque vivemos o mito da perfeição. Somos sombra e luz, nisso se resume a essência humana. Negar isso nos faz viver uma fraude”, avalia o terapeuta de família Cláudio Miranda.

Ele acredita que hoje há uma supervalorização do outro e desvalorização de si mesmo, que leva a comparações que afetam a saúde mental. “A opinião dos outros terá mais força quanto mais fraca for a autoestima e quanto mais frágil for a personalidade do jovem”.

A rede social passa uma sensação de que a vida é perfeita. É o que alerta a psicóloga e psicoterapeuta Sabrina Matias. “Mas, a internet é superficial e muitas vezes mentirosa. Justamente por buscar essa perfeição é que o jovem se frustra e causa ansiedade, uma sensação de impotência, insuficiência, incapacidade”.

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Patrícia Salomon, psicóloga, diz que as mídias sociais, de forma imperceptível, exploram fragilidades psicológicas típicas da juventude.

“São vulnerabilidades que podem ser relacionadas, por exemplo, ao desejo de autoafirmação e, também muito presente, o medo da rejeição. Ao explorar vulnerabilidades psicológicas, alguns jovens acabam desenvolvendo sentimentos negativos”.

O psiquiatra Valber Dias deixa claro que não são as redes sociais que fazem mal para a saúde mental dos jovens, mas sim a falta de maturidade para utilizá-las.

“Às vezes, o jovem pode acreditar demais nessa imagem de popularidade que uma rede social cria ou da impopularidade. Dessa forma, fica mais vulnerável ao bullying. A falta de maturidade e a de uma boa saúde mental fazem com que esses jovens sofram por esses comentários e que eles possam piorar um quadro que, geralmente, já existe”.

Não há como alguns jovens ficarem fora das redes sociais, mas equilíbrio no uso é fundamental, destaca a psicóloga Naira Delboni.

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