“Não tenho mais paz”, diz morador de Manguinhos

| 09/06/2020, 12:41 12:41 h | Atualizado em 09/06/2020, 12:55

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-06/372x236/nao-tenho-mais-paz-diz-morador-cea59e800723ef20328f682a32ac7655/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-06%2Fnao-tenho-mais-paz-diz-morador-cea59e800723ef20328f682a32ac7655.jpeg%3Fxid%3D126228&xid=126228 600w, Renato mostra destruição causada em sua casa pela ressaca do mar
A erosão causada pela ressaca do mar em Manguinhos, na Serra, continua preocupando e, principalmente, prejudicando moradores da região. Na última sexta-feira, as fortes ondas derrubaram postes, muros de casas e chegaram a destruir ruas.

Um dos moradores que teve a casa prejudicada é o conferente Renato Oliveira Alves, de 33 anos. Ele, a mulher, que está grávida de 8 meses, e mais dois filhos, de 2 e 7 anos, estão praticamente presos dentro de casa, já que, com a força das ondas, uma parte do muro da residência caiu.

“Minha casa só tem uma saída, que é a da praia. Como o muro caiu, estamos ilhados, presos dentro de casa, praticamente. Se eu precisar sair, tenho de passar pela casa do vizinho”, contou.

Ele relatou ainda que as ruas também foram afetadas e que os carros não conseguem passar pelo local. Toda a família está assustada e com medo de uma nova ressaca. “Eu não durmo direito, a paz acabou. Eu e toda minha família. Fico com medo de ter outra ressaca como a de sexta-feira, e ela acabar com tudo”, disse.

Renato citou também que está há cinco dias sem água, já que parte do muro caiu em cima do relógio, e que a comida da família está sendo feita com a ajuda dos vizinhos. “Estão sendo muito solidários. Eu pego água na casa deles e minha esposa faz a comida. O nosso banho também está sendo garantido por eles”.

Segundo o presidente da Associação de Moradores de Manguinhos, Guilherme Lima, além da família de Renato, outras duas famílias tiveram problemas com a ressaca do mar.

“Uma perdeu a cerca; a outra, o padrão de energia. A casa do Renato foi um pouco mais grave, já que o muro caiu, e tudo isso com a força da maré. Há mais de 30 anos ninguém viu uma maré tão alta, comentou.

O professor de Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Luiz Fernando Schettino disse que há alguns fatores que podem estar afetando e acelerando a erosão do local.

“Mudanças climáticas podem afetar a ocupação irregular da costa. Também influenciam muito e é possível que anormalidades climáticas ou de correntes do mar causem esses estragos. É preciso monitoramento”, destacou.

Prefeitura promete obra para agosto

As obras para engordamento da faixa de areia da praia de Manguinhos vão começar em agosto. Foi o que informou a secretária de Meio Ambiente da Serra, Áurea Almeida.

“Estamos na fase de licitação. Os projetos já estão com a Secretaria de Obras, que está fazendo os procedimentos licitatórios”.

Segundo a secretária, o projeto que dará solução para os problemas dos moradores prevê aproximadamente 15 metros de faixa de areia para cerca de 500 metros da praia. Além disso, o local receberá fortalecimento de restinga.

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Para o engordamento, de acordo com Áurea, serão utilizadas jazidas terrestres, retiradas de Jacaraípe, com as mesmas características da areia de Manguinhos.

A secretária disse que as variações climáticas, ocorridas no último final de semana, acabaram contribuindo para a formação da ressaca e que a prefeitura já esteve no local promovendo intercessões.

Sobre a queda do muro que continua bloqueando o acesso à casa de uma família, em Manguinhos, a secretária afirmou que equipe da prefeitura esteve ontem no local para resolver o problema

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