Compartilhar fotos na internet coloca filhos na mira de pedófilos

Segundo especialistas, fotos e vídeos que expõem crianças podem facilitar a ação de criminosos

Eliane Proscholdt e Rafael Gomes, de Jornal A Tribuna | 05/12/2021, 13:52 13:52 h | Atualizado em 05/12/2021, 14:04

Não  é novidade que a internet é um espaço  no qual tudo pode acontecer, até mesmo a investida de pedófilos, que estão sempre prontos para atacar. 

Diante disso, especialistas  apontam  alguns equívocos que  facilitam a ação desses criminosos, como  compartilhar  fotos e vídeos  que expõem crianças tomando banho ou com poses sensuais.  

“A consequência é o vazamento do vídeo, a impossibilidade da remoção desse conteúdo por completo, transtornos psicológicos que acometem não só crianças, mas também as pessoas da família que estão ao redor. Infelizmente, há alguns casos até mesmo de suicídio”, alertou Brenno Andrade, da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos.

Fernanda Mappa, psiquiatra da infância e adolescência, alerta  que o  ideal é não dar sorte ao azar. 

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“Rede social, principalmente, mas não exclusivamente os perfis abertos, tende a expor o que é publicado para o mundo. Então, evitar divulgação de fotos e vídeos de crianças é o indicado, principalmente em momentos mais íntimos como banho ou brincadeiras com menos roupas”.

Janine Andrade Moscon, médica psiquiatra, diz que os pais devem evitar expor seus filhos na internet. “Não publicar fotos, em especial com uniforme escolar ou locais que facilitem identificar a rotina da criança, fotos de menores tomando banho, de roupa de praia”.

Segundo ela, as crianças cada vez mais jovens têm acesso à tecnologia e a redes sociais. Diante disso, ela orienta que os  pais monitorem  as atividades de seus filhos, com quem conversam, e utilizem de aplicativos de controle e monitoramento, além de verificar a classificação etária das programações. 

“Os pedófilos vão se fingir de crianças, utilizando identidade falsa para se aproximarem delas. Não permita que seu filho troque mensagens e informações com crianças desconhecidas, fora de seu meio social”. 

Ela alerta para  jogos online, em que interagem crianças desconhecidas. “As  crianças são inocentes e nunca imaginarão  que ali, disfarçado de um colega, pode haver um adulto pronto a lhe atacar”.

Já Eduardo Pinheiro,   especialista  em cibersegurança, finaliza com um recado: “Os pais desinformados estão criando menores abandonados digitais. Eles precisam conhecer as armadilhas para crianças e adolescentes do mundo online e respeitar a idade indicativa dos aplicativos”.

Dicas para proteger os filhos

Fotos e vídeos

Evite divulgação de fotos e vídeos de crianças, principalmente em momentos mais íntimos como banho ou brincadeiras com menos roupas.

Não publique  fotos, em especial com uniforme escolar ou locais que facilitem identificar a rotina da criança. Tudo isso pode ser a isca  que os pedófilos estão esperando. 

Monitoramento

Ficar de olho nas  redes sociais  e  celulares.

Idade 

Os pais devem ficar atentos, pois cada aplicativo estabelece uma idade para ter acesso aos conteúdos. Instagram, WhatsApp e TikTok, por exemplo,  são só alguns aplicativos populares proibidos para menores de 13 anos.

Contas fakes

Existem várias redes sociais que os pedófilos usam para atrair as crianças e os adolescentes.

Isso porque, apesar de existir uma idade mínima para criar perfis em determinadas plataformas, há como criar contas mentindo a idade, por exemplo. 

Além disso, os próprios criminosos podem criam contas fakes e se passam por crianças, o que facilita o primeiro contato.  

Fonte: Especialistas entrevistados.

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Atenção

“Muitas vezes os pais estão mais conectados que os  filhos  e não dão atenção ao que eles fazem. Se você não dá atenção,  alguém vai dar, e poderá ser um criminoso. 

Também é válido instalar programa de controle parental no aparelho do filho. Ele vai permitir o que ele pode ou não acessar. 

Verifique também o histórico de navegação do celular e computador  para ver o que ele está visitando, além de orientar que não fale com estranhos também no mundo virtual”.

Brenno Andrade, delegado

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Fases

“Os criminosos desenvolveram um processo de  quatro fases: análise, quando  estuda a vítima para conhecer  sua vida e preferências,  para as fases seguintes: abordagem e envolvimento. 

Por fim, vem a execução. Após a vítima estar  envolvida, o criminoso inicia a investida: envia imagens íntimas de menores, como sendo  dele, e solicita o mesmo da vítima. Obtendo, passa a fazer chantagem, solicitando o envio de mais, caso contrário irá enviar para seus parentes e amigos”.

Eduardo Pinheiro,  especialista em cibersegurança

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Confiança

“É muito difícil para os pais monitorarem os seus filhos o tempo todo. Pode-se colocar os mais variados tipos de controle: aplicativos, jogos na sala, horário para bate-papo, além de evitar postar fotos das crianças de uniformes ou com roupas de banho.

 Todas essas ferramentas  são importantes, mas não se pode esquecer do primordial, que  é a relação de confiança  entre pais e filhos. Nada substitui isso. Os filhos   não podem sentir receio de falar nada com os pais”.

Rogério Fernandes Lima, especialista em segurança

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