Bravo, Autuori!
Pensei em selecionar alguns trechos da entrevista que o companheiro Thales Machado fez com o técnico Paulo Autuori para ilustrar esta coluna que escrevo em homenagem ao técnico do Botafogo. Mas foi impossível recortar este ou aquele trecho. As palavras do treinador são tão cristalinas e refletem tão bem a realidade do futebol carioca que não vale reduzi-la a recortes. Se ainda não leu, vale acessá-la pelas vias digitais.
Porque só um profissional com independência, sabedoria e coragem traduziria a sigla “Ferj” com tanta perspicácia: federação dos espertos do Rio de Janeiro.
Democracia
E não pense você que o desabafo de um dos técnicos mais respeitados do País tem o tom do clubismo. Não foi discurso casuístico.
Não tem a ver com o Botafogo. Nem foi contra Flamengo, Fluminense ou Vasco. Mas pelo futebol. Pelo bem-estar de todos. Por empatia. Pela democracia. Pelo Rio de Janeiro e tudo que o esporte representa para o povo brasileiro.
Autuori manifestou-se contra o retorno açodado do Carioca, criticou o “toma lá, dá cá” entre clubes e Federação e mostrou-se enojado com o jogo do Botafogo marcado para às 11 horas deste domingo (28).
Franqueza
Talvez tenha exagerado na franqueza ao dizer que o Carioca é um torneio de cartas marcadas. Mas foi certeiro ao apontar que o regime feudal da entidade, que teve dois presidentes nos últimos 35 anos, impede sua modernização e trava a evolução de uma competição tosca e pobre de ideias.
Não merecia, portanto, que o tribunal da Ferj presidida por Rubens Lopes o impedisse de estar à beira do campo, trabalhando, o que foi mudado por decisão liminar do STJD. A medida ditatorial e arcaica empobreceria ainda mais o evento.