COP29: Brasil pode ser 1º país do G20 a alcançar neutralidade em carbono, diz diretor do BNDES
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O Brasil tem todas as condições para ser o primeiro país do G20 a alcançar a neutralidade em carbono, disse nesta terça-feira, 12, o diretor de Compliance e Riscos do BNDES, Luís Augusto Navarro, durante painel na COP29, em Baku, no Azerbaijão. Segundo o diretor, apesar de ser atualmente o quinto maior emissor de CO2 do mundo, a maior parte das emissões do Brasil vem da devastação da floresta e do uso intensivo da agricultura.
"Se conseguirmos deter ou até reverter a devastação da floresta, o Brasil pode ser o primeiro país do G20 a alcançar a neutralidade em carbono", afirmou, lembrando que, com o Arco da Restauração, o BNDES se comprometeu a mobilizar recursos para restaurar 24 milhões de hectares até 2050. "Diferentemente de outros países, já temos uma matriz energética muito limpa, então temos condições de reverter as razões que nos incluem nessa lista desagradável", afirmou.
Durante o painel, o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Hugo Freire, apresentou as primeiras conclusões do Climate Scanner, uma plataforma global que reúne mais 140 países, parametrizados sob uma mesma régua, para avaliar de forma padronizada as políticas governamentais no enfrentamento das emergências climáticas.
Os dados apresentados por Freire mostram que 77% dos países abrangidos têm planos setoriais alinhados com as estratégias nacionais de mitigação, mas seu monitoramento precisa ser aprimorado, na medida em que 73% dos governos nacionais não sabem o quanto gastam efetivamente em ações climáticas.
A ferramenta foi viabilizada com o apoio de até US$ 1 milhão do BNDES, por meio de acordo entre o banco e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e é a principal entrega da presidência do Brasil na Intosai, organização das entidades fiscalizadoras superiores do mundo, que está sendo exercida pelo TCU por dois anos, que se encerram em dezembro.
Os resultados iniciais da pesquisa apontam ainda, que as mudanças do clima vão afetar sobretudo os países mais vulneráveis (justamente aqueles que têm mais dificuldade em obter financiamento) e que o processo decisório, por sua vez, não inclui os grupos mais vulneráveis.
"Quarenta e seis por cento dos países falham em mecanismos para incluir esses grupos no desenho das políticas públicas, e, em 40% deles, poucas dessas políticas levam em conta as necessidades desses grupos", informou o estudo.
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