Ato por fim da escala 6x1 reúne movimentos de esquerda e tem crítica a ministro
Manifestações foram organizadas em diversas capitais do país
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Centrais sindicais e movimentos de esquerda promovem, nesta sexta-feira (15), atos em defesa do fim da escala 6 por 1, proposta que ganhou tração nas redes sociais nos últimos dias.
As manifestações foram organizadas em diversas capitais do país, mas não tiveram o mesmo apelo que a pauta atrai nas redes. Em Belo Horizonte, os manifestantes se reuniram na Praça Sete, um dos cartões-postais da cidade.
As pautas eram não apenas pelo fim da escala 6 por 1, mas pela adoção da jornada 4 por 3 –quatro dias de trabalho para três de descanso, como prevê a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP).
Em determinado momento, as pessoas presentes no ato criticaram o ministro do Trabalho e Emprego do governo Lula (PT), Luiz Marinho. "Que contradição, tem ministro do Trabalho que é contra a redução [da escala 6 por 1]", cantaram os manifestantes.
Na segunda-feira (11), a pasta chefiada por Marinho defendeu que a proposta seja negociada diretamente entre empresas e trabalhadores, por meio de convenções e acordos coletivos. Uma ala do governo criticou nos bastidores o ministro por ter se posicionado contra a PEC.
Após repercussão negativa, o ministro publicou na quinta-feira (14) nas redes sociais um vídeo em que se diz a favor do fim da escala 6 por 1 sem redução de salários.
As pessoas presentes no ato em BH disseram que o governo deveria ter papel mais ativo na discussão.
"Deveria apoiar mais, isso [escala] é uma opressão contra o trabalhador", disse Márcio Antonino, 57, que é analista de RH e estava passando pela Praça Sete quando parou para apoiar o movimento.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, o Palácio do Planalto vê a discussão da PEC como positiva, mas avalia os desdobramentos com cautela.
A visão de auxiliares de Lula é a de que o governo deveria aproveitar a discussão de uma rara pauta progressista que cresceu nas redes sociais —ambiente que vem sendo usado com mais habilidade pela direita.
Felipe Leonardo, 26, desenvolvedor de sistemas, e Luísa Bambirra, 28, médica, consideraram natural que o ato desta sexta seja promovido por movimentos de esquerda, mas disseram que a pauta é suprapartidária. Eles afirmaram ainda que não se oporiam a uma escala 5 por 2.
"Penso que a proposta protocolada pede 4 por 3 para durante as discussões chegar ao meio-termo do 5 por 2", afirmou Leonardo.
Em São Paulo, os manifestantes se reuniram na Avenida Paulista, em ato também marcado pelas bandeiras de movimentos de esquerda. Com adesão maior do que na capital mineira, as pessoas compararam a escala 6 por 1 à escravidão.
Os atos em diversas capitais do país foram organizados também pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), encabeçado pelo recém-eleito vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ). No Rio, os manifestantes se reuniram em frente à Cinelândia.
Na quarta, Hilton, autora da PEC, disse que a proposta já havia alcançado o número de assinaturas necessárias para tramitação no Congresso Nacional.
Apesar disso, a proposta ainda não foi protocolada. A deputada disse a jornalistas na Câmara que outros querem apoiar o texto, que já conta com assinatura até de parlamentares de direita.
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