Eleição americana é como entrega do Oscar
Nos Estados Unidos, o show não pode parar. Seja no esporte, no entretenimento ou na política.
Isso talvez ajude a explicar a insistência do país mais rico e poderoso do mundo de levar em clima de tensão absoluta algo que em outras situações seriam “favas contadas”.
Nesse aspecto, a eleição americana parece a entrega do Oscar. Muitas vezes, está na cara qual filme vai ganhar, mas o negócio é levar a expectativa do público até o fim.
Joe Biden tem a maior vantagem nas pesquisas sobre um adversário em 24 anos! Só uma conjugação improvável de fatores ou um fenômeno inesperado tiraria a vitória do democrata. Isso em condições normais, mas na “América”, o melhor é sempre tudo se decidir no último segundo, como um arremesso espetacular, no “estouro do cronômetro”, que decide o título da NBA.
Ajuda muito para este clima um sistema eleitoral analógico, justo no país que impõe o digital como padrão mundial de modernidade. Há quem diga que o sistema eleitoral americano não se moderniza para evitar fraudes e há quem diga que não se moderniza justamente para permitir a judicialização de incertezas. Certa vez, vi um funcionário da diplomacia americana ser indagado sobre isso. O máximo a que se permitiu como resposta foi um sorriso de desdém.