A rusga que por ora impede o Flamengo de renovar o contrato do goleiro Diego Alves, de 35 anos, é daquelas inacreditáveis que mostram o quão complicado é a gestão de um elenco competitivo. E, no caso rubro-negro, escancara a divisão existente no clube entre aqueles que defendem o cumprimento de diretrizes corporativas, muito comum nas grandes empresas, e os que veem no atingimento das metas esportivas a base primordial para o cumprimento do planejamento orçamentário.

Os representantes do goleiro, que no final de 2018 se envolveu num conflito com o técnico Dorival Júnior por não aceitar a reserva do então promissor César, acertaram com o executivo de futebol Bruno Spindel a renovação por dois anos, com 30% de aumento no contrato que se encerra no dia 31 de dezembro.

O problema é que menos de 40 dias depois o Flamengo estava eliminado das Copas (do Brasil e Libertadores), com um prejuízo estimado em R$ 25 milhões no atual orçamento.

Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças, e Luís Eduardo Baptista, o Bap, vice de relações externas, optaram por rever o planejamento.

As partes tiveram de voltar à mesa e as bases acertadas em outubro tiveram de ser rediscutidas: o Flamengo já não oferecia mais dois anos de contrato, senão um, e os valores que chegavam a 30% de reajuste foram reduzidos para 10%.

Os representantes de Diego Alves, evidentemente, não gostaram do recuo e endureceram o jogo para a permanência do goleiro.

Independentemente dos números não tão expressivos da defesa do Flamengo nesta temporada, em comparação ao ano passado (64 gols em 74 jogos em 2019, contra 62 gols em 56 jogos este ano), é desnecessário tratar aqui da importância de Diego Alves para o espírito competitivo do time que ainda disputa o título brasileiro com enormes chances de bisar a conquista de 2019.

E ainda que o clube tenha o jovem Hugo Souza, de 21 anos, para apostar, é desaconselhável ignorar a importância do titular.

Marcos Braz, o vice-presidente de futebol, sabe que Diego Alves é estratégico para a manutenção da identidade vencedora que o Flamengo criou em torno dos campeões de 2019.

Mas foi notadamente esvaziado com a decisão da cúpula administrativa, que justifica com a ressalva de que o goleiro já está entre os quatro mais bem remunerados do País.

Braz se vê sem argumentos para convencer os representantes do jogador e, pelo que percebo, o caso parece mesmo insolúvel...