Biólogo capixaba descobre nova espécie de lagarto
Thiago Marcial de Castro encontrou o lagarto-escrivão no município de Buritirama, na Bahia
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Durante um trabalho às margens do rio São Francisco, município de Buritirama, no estado da Bahia, o biólogo e herpetólogo capixaba Thiago Marcial de Castro, de 37 anos, encontrou uma nova espécie de lagarto, o lagarto-escrivão.
Com as patinhas tímidas e as pálpebras nos olhos, principal característica do lagarto, Thiago destaca que precisou esperar quase cinco anos desde que entregou todas as pesquisas, para que fosse reconhecida a nova espécie.
O artigo foi publicado na última semana pela revista que reconhece novas espécies, a Zootaxa, publicação de reconhecimento internacional para novas espécies.
O biólogo destaca que as espécies de lagarto-escrivão são separadas por barreiras geográficas, seja por cadeias de montanhas, seja pela presença de rios e, com efeito, todas as espécies conhecidas de lagarto-escrivão são extremamente restritas a uma pequena área, não ocorrendo em outro lugar.
Esses pequenos lagartos com patas vestigiais alcançam comprimento máximo em torno de sete centímetros, e habitam exclusivamente área de dunas de areia da região média do rio São Francisco, na Bahia, e leitos arenosos do alto rio Parnaíba, no Piauí.
“Em novembro de 2016, durante a execução de trabalhos de campo para o licenciamento ambiental no interior da Bahia, me deparei com um indivíduo, o lagarto-escrivão. Após algumas análises, suspeitei que possivelmente se tratava de uma espécie desconhecida, fato que foi imediatamente confirmado pelo professor Miguel Trefaut Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP)”, lembra.
Uma expedição foi organizada já em 2017, e contou com a participação dos biólogos Miguel Rodrigues, Sérgio Souza, Thiago Soares, Mauro Teixeira Jr, além do Thiago Marcial de Castro.
“Ficamos na região 10 dias, tendo grande êxito no encontro de mais indivíduos da nova espécie. As análises genéticas e produção do artigo científico foi liderado pelo biólogo Renato Recoder, da USP, processo longo e extremamente criterioso, o qual levou todos esses anos”, completa ele.
Primeira espécie em Santa Teresa
O primeiro indivíduo encontrado e usado para estudos está no Museu de Biologia Professor Mello Leitão, em Santa Teresa. Outras espécies foram levadas para a Universidade de São Paulo (USP).
Para o biólogo Thiago Marcial de Castro, a descrição de uma nova espécie tão restrita geograficamente ilustra o valor ecológico da região de estudo, e fornece forças e mecanismos à conservação, tanto do bioma caatinga, como dos municípios onde estas espécies endêmicas estão presentes.
“Encontrar e descrever a nova espécie do lagarto-escrivão, foi apenas o primeiro passo para o fortalecimento da conservação regional, sendo esta uma grande ferramenta para criação de áreas protegidas, e possíveis unidades de conservação”, enfatizou ele.
Thiago coordenou um projeto que descobriu uma nova espécie de anfíbio no Sul do Espírito Santo, nos remanescentes de floresta do Monumento Natural Estadual Serra das Torres (Monast), que abrange os municípios de Átílio Vivácqua, Mimoso do Sul e Muqui. Trata-se da Luetkenotyphlus fredi, que agora é uma das mais de 50 espécies de cobras-cegas ou cecílias já catalogadas. A descoberta foi em 2018.
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