Fogo amigo
Coluna foi publicada nesta sexta-feira (12)
O Botafogo ainda não está eliminado da Libertadores - as duas partidas consecutivas no Nílton Santos, contra o Universitário, do Peru, no dia 28, e contra a própria LDU no dia 08 de maio, poderão recolocar os alvinegros na disputa. Mas a derrota de 1 a 0 para a LDU, em Quito, foi mais emblemática do que se imagina.
A escalação do time numa espécie de 4-2-4, com o quarteto Luiz Henrique, Jeffinho, Júnior Santos e Tiquinho Soares alinhando juntos, diz muito sobre a intenção de Artur Jorge, o treinador português que conheceu nesta quinta-feira (11) como é difícil ser competitivo a uma altitude de 2.850 metros acima do nível do mar.
É evidente que a classificação às oitavas de final do torneio ficou mais difícil, quase improvável porque a partir de agora precisa vencer seus próximos quatro jogos e torcer por combinação de resultados do Junior Barranquila ou da LDU.
Mas não é isso que me preocupa. O time estreia domingo (14) no Brasileiro enfrentando o Cruzeiro em Belo Horizonte e terminará o mês medindo forças com o Flamengo em jogo válido pela quarta rodada da Série A.
Cultura ofensiva
Com jogos no meio e no final de semana, os jogadores terão de se adaptar à cultura ofensiva de Artur Jorge com as duas competições em andamento. E isso não é fácil.
O último treinador europeu que chegou ao Brasil disposto a jogar de forma destemida, levando a campo o maior número possível de atacantes (sem invencionices), foi o catalão Domenèc Torrent em sua breve passagem pelo Flamengo.
Mas ser ofensivo não é necessariamente ter o maior número de atacantes. Mas ter os setores bem condicionados para jogar o maior tempo possível no campo adversário.
O Botafogo melhorou no segundo tempo, com a entrada de Tchê Tchê, mas, mesmo tendo mais posse de bola, não deu pinta de que viraria o placar – muito pelo contrário.
Artur Jorge precisará de sorte e ouvidos afinados para escutar as vozes que lhe recomendarão cautela nessa tentativa de agradar a John Textor.
O majoritário da SAF alvinegra pode entender de administração de empresas e multiplicação do capital. Mas de futebol ele já mostrou que entende pouco.
O sonho de montar uma equipe que derrube os adversários como um rolo compressor não se realiza só comprando jogadores e importando treinadores. São partes elementares dessa história o planejamento e a estratégia. Detalhes que Textor parece ignorar.