Em seis meses, 1.400 passaram por cirurgias após abortos no Estado
A curetagem é um processo necessário para limpeza do útero após um aborto incompleto. No mesmo período do ano passado, foram 1.857 procedimentos, e em todo o ano, 3.821.
A Sesa não detalha as curetagens: se foram feitas por abortos espontâneos após o terceiro mês, por uma abortagem tardia ou, até mesmo, por ordens judiciais de abortos como o da menina de 10 anos, vítima de estupros em São Mateus, no Norte do Estado.
No caso da garota de São Mateus, a menina foi amparada pela Lei 12.845, de 2013, que regulamenta o atendimento obrigatório e integral a pessoas em situação de violência sexual e determina todos os meios para interrupção da gravidez em decorrência de estupro.
Não é necessário que a mulher apresente boletim de ocorrência, nem que faça exame de corpo de delito.
RISCOS
No caso dos abortos espontâneos, o diretor da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo, o médico Yulo Césare Castro Alves explica que a curetagem pode ter complicações, como a perfuração uterina.
“O útero é muito mole na gravidez. O endométrio (tecido que reveste o interior do útero) fica muito flácido, podendo ocorrer perfurações. Se ocorrer, o útero costuma estancar o sangramento naturalmente”, disse. Porém, segundo ele, há casos mais graves, quando a perfuração acaba alcançando a alça do intestino.
“Outro risco é sinéquia, quando as paredes do útero acabam se unindo”, acrescenta.
A maioria dos abortos espontâneos acontece entre 7 e 11 semanas. Os tardios podem estar relacionados a fatores genéticos, má formação uterina, infecções ou por causas imunológicas.
“Há abortamento natural. Há o que tem necessidade de cirurgia, com anestesia, e de indução, com medicamento, mas no hospital”, acrescenta ainda o médico.