Descoberta célula para tratar todo tipo de câncer

| 22/01/2020, 09:40 09:40 h | Atualizado em 22/01/2020, 09:44

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-01/372x236/cancer-de-pele-1756c0d39d9c7e7accaa13c3877dd12a/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-01%2Fcancer-de-pele-1756c0d39d9c7e7accaa13c3877dd12a.jpg%3Fxid%3D105318&xid=105318 600w, Tratamento de câncer de pele

Uma recente descoberta sobre o nosso sistema imunológico pode se tornar uma arma para tratar todos os tipos de câncer. Uma equipe de cientistas da Universidade de Cardiff, no País de Gales, desenvolveu um método em laboratório que destrói o câncer de próstata, mama, pulmão e outros tipos.

Os achados, divulgados na publicação científica Nature Immunology, ainda não foram testados em pacientes, mas têm um “enorme potencial”, afirmam os pesquisadores. Para especialistas que não participaram da pesquisa, ainda que o trabalho esteja num estágio inicial, ele é bastante promissor.

Nosso sistema imunológico é a defesa natural do corpo contra infecções, mas ele também ataca células cancerosas. Os pesquisadores estavam em busca de maneiras novas e “não convencionais” de fazer com que o sistema imunológico atacasse naturalmente tumores.

Eles encontraram uma célula T (ou linfócito T) com um novo tipo de “receptor” que identifica e ataca células cancerosas, ignorando as saudáveis. A diferença nesta célula imunológica é que ela pode escanear o corpo em busca de ameaças que devem ser eliminadas e atacar ampla variedade de cânceres.

“Há uma possibilidade de que ele possa tratar todos os pacientes”, afirmou o professor Andrew Sewell à BBC. “Antes ninguém acreditava que isso fosse possível.”

As células T têm “receptores” na superfície que permitem a elas “enxergar” em um nível químico.

Os pesquisadores da Universidade de Cardiff descobriram que a célula T e seu receptor podem encontrar e destruir uma gama de células cancerosas no pulmão, na pele, no sangue, no cólon, na mama, nos ossos, na próstata, no ovário, no rim e na coluna cervical.

Terapia já existe, mas é limitada

Terapias com células T já existem e o desenvolvimento de imunoterapias contra o câncer tem sido um dos avanços mais empolgantes nesse campo.

O mais famoso exemplo é o chamado CAR-T, uma droga viva produzida por meio de engenharia genética em células T para procurarem e destruírem o câncer. O CAR-T pode trazer resultados incríveis que levam alguns pacientes do estágio de doença terminal para completa remissão.

Essa abordagem é específica e funciona com um número limitado de cânceres onde há um alvo claro para treinar a “mira” das células T. Também enfrenta dificuldades em combater cânceres sólidos — aqueles que formam tumores.

Reprogramação de células

A ideia do tratamento é extrair uma amostra de sangue do paciente em tratamento contra o câncer.

As células T extraídas seriam modificadas geneticamente e reprogramadas para constituir o receptor que encontra o câncer.

Essas células aperfeiçoadas seriam cultivadas em largas quantidades em laboratório e depois reinseridas no paciente. É o mesmo processo usado na terapia CAR-T. No entanto, essa pesquisa da Universidade de Cardiff (foto) foi testada apenas em animais e células em laboratório, e testes em humanos demandam mais etapas de segurança.

Lucia Mori e Gennaro De Libero, da Universidade de Basileia, na Suíça, afirmam que essa pesquisa tem um “enorme potencial”, mas ainda é cedo para afirmar que ela poderia funcionar para todos os tipos de câncer.

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