Reunião de Bolsonaro tem momentos quentes com Casagrande e João Doria

| 25/03/2020, 12:57 12:57 h | Atualizado em 25/03/2020, 13:09

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-03/372x236/governadores-participam-de-video-conferencia-c263cd064bb42a34a09d6de5e7a21253/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-03%2Fgovernadores-participam-de-video-conferencia-c263cd064bb42a34a09d6de5e7a21253.jpg%3Fxid%3D114685&xid=114685 600w, Casagrande, João Dória e Romeu Zema participaram de videoconferência

Foi tensa, como se esperava, a reunião entre Jair Bolsonaro e os governadores da Região Sudeste. Sobretudo depois do pronunciamento do presidente, criticando arrochos dos governadores, a imprensa, o fechamento de escolas e minimizando a pandemia.

A reportagem apurou que dois momentos elevaram a temperatura. Um deles, com o governador Renato Casagrande. Casagrande falou que nunca esperou que o presidente estivesse tão certo. Mas que, como gestor responsável, não iria pagar para ver o impacto da pandemia e manteria suas decisões de isolamento, como fechamento de comércio e escolas.

"Temos seguido a OMS (Organização Mundial de Saúde) e na hora que o presidente opina e tira o valor da pandemia, causa uma confusão e uma dúvida nas pessoas, podendo atrapalhar o trabalho dificultando nossa ação. A dúvida e incerteza é a porta do fracasso. Muito bom que a gente possa ter essa reunião para que o governo federal assuma a responsabilidade e, juntos, diminuamos o impacto social, econômico e na saúde", afirmou o governador do Espírito Santo.

O governador João Doria, de São Paulo, arrancou faísca maior: o tucano pediu equilíbrio a Bolsonaro, e ouviu de volta que ele se elegeu na sua aba, não tem moral para crítica-lo e alfinetou Doria que, para o presidente, está fazendo da pandemia uma munição eleitoral.

"Inicio na condição de cidadão, de brasileiro e de governador de São Paulo, lamentando os termos do seu pronunciamento ontem à noite à nação. Estamos aqui, os quatro governadores do Sudeste em respeito ao Brasil e aos brasileiros, e em respeito ao diálogo e ao entendimento. Mas o senhor que é o presidente da República tem que dar o exemplo, e tem que ser o mandatário a dirigir, a comandar e liderar o país e não para dividir", afirmou o governador.

Antes da vídeoconferência, Bolsonaro manteve nesta quarta-feira (25) o tom adotado em seu pronunciamento da véspera sobre a crise do novo coronavírus, criticou medidas tomadas por governadores de restrição de movimentação de pessoas e defendeu o isolamento apenas para aqueles do chamado grupo de risco, como idosos.

"Vou conversar com ele [Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde] e tomar a decisão. Cara, você tem que isolar quem você pode. Você quer que eu faça o quê? Eu tenho o poder de pegar cada idoso e levar para um lugar? É a família dele que tem que cuidar dele no primeiro lugar", afirmou o presidente, em entrevista em frente ao Palácio da Alvorada, a residência oficial.

"O povo tem que parar de deixar tudo nas costas do poder público. Aqui não é uma ditadura, é uma democracia", declarou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada. "Os responsáveis pela minha mãe de 92 são seus meia-dúzia filhos", complementou Bolsonaro.

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