Mãe teria dirigido com marido e filho mortos no carro antes de ser morta, diz polícia

| 30/01/2020, 20:46 20:46 h | Atualizado em 30/01/2020, 21:06

A empresária Flaviana Gonçalves, 40 anos, teria sido obrigada a dirigir o carro em que seu corpo foi encontrado carbonizado, junto com os do marido e do filho, dentro do porta-malas, na madrugada de terça-feira (28), em São Bernardo do Campo (ABC), segundo a polícia.

Pouco antes, por volta de 1h15, o porteiro do condomínio onde a família morava, em Santo André, também no ABC paulista, teria visto a empresária saindo com o carro da família, também de acordo com a polícia.
Em entrevista nesta quinta-feira (30), o delegado seccional de São Bernardo, Ronaldo Tossunian, afirmou que o comerciante Romoyuki Gonçalves, 43 anos, e o filho do casal, Juan Gonçalves, 15, teriam sido colocados mortos no veículo dirigido pela mulher.

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Ana Flávia Menezes Gonçalves, 24 anos, filha do casal, e a namorada dela, Carina Ramos, 26, foram presas na noite desta quarta-feira (29), por suspeita de envolvimento no crime, por determinação da Justiça.
Flaviana teria sido morta da mesma forma, mas não na residência, já que depois que o veículo da família, um Jeep Compass, não voltou mais ao condomínio. Segundo disse o porteiro à polícia, o Fiat Palio de Ana Flávia passou pela portaria instante antes.

O casal e o filho adolescente foram achados carbonizados no carro da família, no limite entre São Bernardo e Santo André, na madrugada de terça. O carro foi queimado.

Segundo a polícia, pai e filho foram mortos com pancadas no lado direito da cabeça, dentro da casa onde moravam no condomínio Morada Verde, em Santo André.

A causa da morte dos três, segundo laudo preliminar do Instituto Médico Legal, foi traumatismo cranioencefálico. Os corpos, de acordo com a polícia, foram identificados pelas arcadas dentárias.
O laudo preliminar do Instituto Médico Legal aponta que, a causa da morte dos três foi traumatismo cranioencefálico. Os corpos, de acordo com a polícia, foram identificados pelas arcadas dentárias.

Conforme mostram as câmeras de monitoramento, o carro de Ana Flávia entra e sai do condomínio três vezes, entre 18 e 22h12, na segunda-feira (27). Neste meio tempo, às 20h09, ainda segundo as imagens, Carina entra a pé no local usando um moletom com capuz. "O fato dela usar essa roupa chama a atenção, pois estava muito quente neste dia", frisou o polícial da seção.

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Uma testemunha afirmou à polícia que, antes de Flaviana chegar em casa com o Jeep, às 22h36, um homem de aproximadamenter 1,90 de altura, foi visto com duas suspeitas.
Ainda segundo a polícia, o assassinato de pai e filho ocorreu pouco antes do empresário preparar o jantar. Havia frando ao lado de uma panela com óleo ainda quente", disse o delegado que coordena as investigações, Paul Henry Bozon.

A polícia afirmou que Flaviana teria sido rendida e obrigada a dirigir o carro com os corpos do filho e marido no interior. A investigação agora tenta descobrir se a mulher foi sequestrada antes de chegar em casa ou quando saía do trabalho.

O delegado Bozon acrescentou que foram encontradas marcas de sangue na região dos joelhos e na altura do zíper de uma calça de Ana Flávia, que havia sido lavada. A identificação ocorreu mediante o uso de luminal (substância que indica a presença de sangue que não pode ser visto a olho nu).
"Esse crime foi feito com extrema crueldade e foi premeditado", declarou o delegado.

Contradições

Em depoimento, a polícia disse que as duas suspeitas afirmaram que Juan, Flaviana e Romuyuki teriam sido mortos por um suposto agiota, para quem a família deveria R$ 200 mil. "Elas também afirmaram que houve uma discussão (na noite do crime) entre as suspeitas e a família", acrescentou Bozon.

As duas ainda ressaltaram à polícia que, por conta da discussão, Flaviana teria afirmado que sairia com o marido e o filho, para abastecer o Jeep e viajariam para Minas Gerais. As suspeitas por isso, segundo depoimento, resolveram também sair do imóvel - segundo a polícia, as duas moram juntas em uma favela a cerca de 10 minutos do condomínio.

"Uma testemunha, que está protegida, conta uma história que desmente em tudo o que elas contaram", afirmou o delegado.

Segundo o depoimento da testemunha, após a chegada de Flaviana, o Jeep foi estacionado em frente à casa das vítimas, com o porta-malas para o imóvel. O homem, ainda segundo essa mesma testemunha, ajudou uma das duas suspeitas a colocar grandes emburlhos no porta-malas do Jeep.
Outro ponto de contradição, segundo a polícia, é que em nenhum momento as suspeitas falam sobre o sangue encontrada na casa , além de estar tudo revirado na residência.

A polícia informou que foram levados do local, R$ 8.000 dólares, joias e uma espingarda antiga. Nem a arma, as joias e o dinheiro, foram encontrados. O próximo passo da polícia foi solicitar a quebra do sigilo telefônico de Ana Flávia e Carina.

Perfis
O delegado Bozon afirmou que Ana Flávia e Carina demonstraram comportamentos diferentes durante os depoimentos prestados nesta terça-feira (30), no Setor de Homicídios de São Bernardo do Campo –as duas foram ouvidas novamente na tarde desta quinta-feira (30).
Segundo o policial, Ana Flávia estava muito nervosa. "Houve momentos em que ela não conseguia nem falar", salientou. A filha do casal, inclusive, teria passado mal e vomitado, de acordo com a polícia.
Já Carina, ainda conforme o delegado, "é mais fria" do que a namorada. "Ela se manteve calma enquanto contou sua versão", afirmou o policial.

Outro lado
O advogado Lucas Domingos, que defende Ana Flávia e Carina, afirmou que as duas negam participação e autoria no crime. Questionado sobre contradições nos depoimentos delas, ele disse que quando tiver acesso ao inquérito do caso verificará "quais são".
"Também preciso ter acesso às filmagens e falar melhor com elas para constatar se de fato existem contradições. Tenho que ver o que posso fazer para ajudá-las."
Ele afirmou que foi contratado por uma amiga das suspeitas, que preferiu não identificar.

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