Planeta tem nuvem de metal com chuva de rubis e safiras

Gigante foi descoberto em 2015 e fica distante 880 anos-luz da Terra. Cientistas usam dados do Telescópio Espacial Hubble para pesquisa

Jornal A Tribuna | 24/02/2022, 18:05 18:05 h | Atualizado em 28/02/2022, 14:44

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/110000/372x236/inline_00111790_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F110000%2Finline_00111790_00.jpg%3Fxid%3D299293&xid=299293 600w, Vapor condensado na chuva metálica quando contaminado por outros metais na atmosfera forma rubis ou safiras
 

Imagine um planeta no qual as nuvens são feitas de metal, e delas chovem rubis e safiras líquidos. Parece uma cena tirada de filme, mas um novo estudo indica que essa pode ser a realidade no exoplaneta denominado WASP-121 b.

O planeta foi descoberto em 2015, e é um gigante gasoso a 880 anos-luz da Terra. Agora, em uma nova pesquisa, cientistas usaram dados do Telescópio Espacial Hubble para fazer a primeira medição detalhada da atmosfera no lado noturno mais frio do planeta. 

E essa atmosfera noturna, segundo o estudo, parece ter uma série de características estranhas e notáveis, incluindo nuvens de metal e chuva feita do que poderia ser pedras preciosas liquefeitas.

“É emocionante estudar planetas como o WASP-121 b que são muito diferentes daqueles do nosso sistema solar, porque nos permitem ver como as atmosferas se comportam em condições extremas”, disse a coautora Joanna Barstow, pesquisadora da Universidade Aberta no Reino Unido.

De acordo com os cientistas, as temperaturas do lado escuro do planeta nunca são baixas o suficiente para que nuvens de água se formem, mas isso não significa que não se formem nuvens: o “detalhe” é que elas são nuvens de metal.

Dados anteriores do Hubble mostraram sinais de metais, incluindo ferro, magnésio, cromo e vanádio existentes como gases no lado diurno do planeta. Mas, neste estudo, publicado nesta semana na revista Nature Astronomy, os pesquisadores descobriram que, à beira da noite do planeta, fica frio o suficiente para esses metais se condensarem em nuvens.

As nuvens de metal não são o único fenômeno  que esses pesquisadores detectaram neste Júpiter quente. Eles também encontraram evidências de possível chuva na forma de joias líquidas.

O vapor condensado na chuva metálica veria o alumínio condensar junto com o oxigênio, formando corundum, um composto metálico que, quando contaminado por outros metais na atmosfera do planeta, formaria o que conhecemos na Terra como rubis ou safiras, segundo os cientistas.

“Para entender melhor este planeta, vamos observá-lo com o Telescópio Espacial James Webb já no primeiro ano de sua operação”, disse o autor principal Thomas Mikal-Evans.

Diamantes em Urano e Netuno

Ao contrário de Júpiter e Saturno, os planetas gasosos Urano e Netuno – os mais distantes do nosso sistema solar – não têm muito destaque nos holofotes científicos, mas o fato de eles contarem com literais chuvas de diamantes pode mudar isso. Sim, “chuvas” de diamantes.

Isso é uma consequência de diversos fatores que exercem influência sobre eles, mas, majoritariamente, dois pilares são essenciais para isso ocorrer: “pressão” e “temperatura”, ambas agindo sobre o gelo que permeia os dois planetas mais frios da nossa região.

Verdade seja dita, não se sabe muito sobre o comportamento desses ambientes: a última vez que uma missão de exploração espacial passou por Urano ou Netuno foi a sonda Voyager 2, lançada em agosto de 1977 (que ainda está ativa, junto de sua predecessora, a Voyager 1). Depois dela, tudo o que sabemos de Urano e Netuno vem de observações telescópicas.

Por isso, cientistas coletam os poucos dados e combinam com experimentos em laboratório, a fim de recriar as condições dos dois planetas. Isso, e muita matemática, ajuda a preencher as lacunas. E é por isso que se afirma que, lá, está chovendo diamantes.

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