Silva: “Hoje não tenho medo de ser o que sou”
Silva | Músico “Deixa acontecer naturalmente”
AT2: Depois de muita brasilidade, de celebrar o Carnaval, você volta a “Júpiter”. Por quê?
Silva: Esta nova “Júpiter” vem de quando estávamos na turnê de “Brasileiro” e resolvemos investir em equipamentos que gravassem todos os shows. No começo, achei exagero, porque é muito material digital, mas, agora, durante a quarentena, parei para ouvir e vi que esse material dos shows em Lisboa estava lindo!
Escolhi “Júpiter” como single porque é uma canção de cinco anos atrás. Era um outro momento, o Brasil era outro, nós éramos outros, mas tinha essa coisa de liberdade, que continua fazendo muito sentido.
Se “Júpiter, pode ser começar de novo”, qual é o recomeço que você espera após esta pandemia?
Acho que tudo que a gente está vivendo vai forçar a pensar mais no outro, a entender que só a gente estar bem e o resto do mundo caindo aos pedaços não funciona. É um pensamento elitista que não deu certo. Deve haver uma mudança, para que se pare de olhar para o próprio umbigo.
Como é sua relação com Portugal, país onde gravou o novo CD?
Portugal tem me recebido muito bem, desde meu 1º disco. Meu trabalho foi ficando mais conhecido por lá e em Lisboa, na última vez que me apresentei, os ingressos dos três dias de show esgotaram rapidamente e abrimos mais três sessões extras. O show foi gravado naquela ocasião. O público português é caloroso, mas de um jeito diferente. Gosto muito.
O disco traz várias releituras de clássicos da MPB. Perdemos recentemente nomes como Moraes Moreira, que você homenageou em seu Instagram.
Ouvi Moraes a vida toda, tenho um tio que é o maior fã dele e dos Novos Baianos, que eu conheço. Além da memória afetiva, tenho uma admiração enorme pela obra dele. É única!
Tive a sorte de tê-lo comigo no “Bloco do Silva” ano passado, no Rio. Foi uma honra cantar com ele. Lembro que a última coisa que ele me disse foi: “Garoto, tenho que te mostrar meu baú de composições, tem várias que ainda não foram gravadas”.
Já se acostumou com a fama?
Sabia que, em algum momento, iria ter que lidar com isso, só esperei que fosse de forma natural e numa hora em que eu estivesse mais preparado.
Não gosto de expor minha vida, acho que minhas músicas já me representam o bastante. De resto, sou só um cara comum tentando fazer a melhor música que posso.
Recentemente, sua música foi ouvida pelo canadense Drake. Planeja carreira internacional?
Não, mas adoraria gravar em espanhol e talvez em inglês. Se os caminhos para algo internacional se abrirem, vou ficar muito feliz. Meu lema é “deixa acontecer naturalmente”.
Fico feliz de ter sido prestigiado por pessoas de lugares diferentes do mundo e por alguns ídolos meus.