Kevin O Chris: “Quero ser inspiração para a molecada da periferia”
Confira o clipe de "Tipo Gin":
Kevin o Chris - Funkeiro “Funk é pedido de socorro para quem está de fora”
AT2: “Todo Mundo Ama O Chris” é claramente uma brincadeira com a série “Todo Mundo Odeia O Chris”. É assim que, de fato, você se sente hoje: amado?
Kevin o Chris: Eu me amarro nessa série porque ela fala de um garoto negro, tímido, excluído... Coisas que têm muito a ver com a minha história, tá ligado? Mas o funk me deu outra vida. Me sinto amado mesmo, porque o funk, hoje, é amado no mundo todo. Dentro ou fora do Brasil.
Até o Drake ama o Chris! Qual foi o segredo para conquistar a atenção fora do Brasil?
Levar o funk para fazer sucesso na gringa é um orgulho enorme! O funk já conquistou o coração do mundo todo.
O segredo é muito trabalho, manter o foco na missão e não abandonar a minha autenticidade. Isso é o que eu sei fazer de melhor na minha vida.
Aliás, no novo trabalho, aposta em uma sonoridade mais moderna, mas sem abandonar suas raízes. Quer fazer sua batida chegar ainda mais longe, mas sem deixar de cantar suas vivências?
“Todo Mundo Ama o Chris’’ tem participação de Xamã, Dilsinho, Dennis DJ, Filipe Ret e do cantor BG, vários artistas de ritmos diferentes que tocam muito nas comunidades.
É essa raiz que quero levar para sempre no meu trabalho, quero mostrar para todo mundo que a vida e a cultura de quem mora na favela importam.
Como foi a seleção dos convidados do projeto?
Quis chamar a galera que está estourada no Brasil, que admiro e me identifico musicalmente, além dos meus crias que não podem faltar nunca!
“Funkeiro Sim” traz a história de muitos artistas que vieram de comunidade. Além disso, parece reivindicar que o funkeiro seja reconhecido como músico. Ainda rola preconceito dentro do meio musical?
O funk cresceu muito nos últimos anos, mas muita gente ainda não quer enxergá-lo como música. A galera tem que entender que o que a gente canta é a nossa realidade, é o que está na nossa frente, batendo à nossa porta.
A gente está tentando sobreviver e o funk é um pedido de socorro para quem está de fora olhar para a nossa favela, e para mim. Estou tentando colocar dinheiro em casa.
Hoje, qual é o seu maior desejo como artista? Ainda há muito para conquistar?
Tenho vários lançamentos planejados para este ano, inclusive com parcerias gringas. Meu maior desejo é que o funk alcance cada vez mais gente no mundo todo.
A gravação de “Todo Mundo Ama O Chris” marcou seu retorno aos palcos. Como foi a sensação de retorno, seguindo todas as recomendações da OMS?
É o que eu mais amo fazer da vida, né? A preparação foi doideira, mas eu contei com uma equipe que pensou em todos os detalhes para que tudo corresse de forma segura, sem colocar ninguém em perigo.
Fiquei 8 meses sem subir num palco, sem sentir a energia da galera cantando e curtindo um funk.
Como foi o processo de criação desse trabalho em meio à pandemia? “Todo Mundo Ama O Chris” sempre foi pensado para ser um DVD?
Pô, eu fiquei isolado no estúdio e foquei no meu trampo. Sem os shows, aproveitei o tempo para produzir, compor, cantar e focar nas plataformas digitais.
Quis mesclar vários ritmos para que o funk pudesse chegar a mais pessoas. Tracei a meta de fazer um DVD por ano.
Iniciou o ano na lista “Under 30” da revista Forbes Brasil. O que essa conquista representa para você?
É um orgulho absurdo! É muito maneiro que agora tem uma valorização maior do funk e da galera que vem da favela.
É importante ocupar esses espaços para todo mundo se ligar que a favela está viva, é cheia de cultura e pode chegar no topo.