Ter diploma garante o dobro do salário, diz pesquisa

| 09/09/2020, 16:52 16:52 h | Atualizado em 09/09/2020, 17:01

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-02/372x236/seis-selecoes-na-area-da-educacao-cdb77ae72111ef50a26709d6c2620e9b/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-02%2Fseis-selecoes-na-area-da-educacao-cdb77ae72111ef50a26709d6c2620e9b.jpg%3Fxid%3D140601&xid=140601 600w, Ufes: vagas para professor em Administração, Finanças e Medicina

No Brasil, profissionais com ensino superior ganham mais do que o dobro do que aqueles que têm apenas o ensino médio completo, segundo estudo divulgado nesta semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade que reúne países considerados desenvolvidos.

Além dos membros da OCDE, o estudo incluiu o Brasil, China, Rússia, Índia, Indonésia, Argentina, Arábia Saudita e África do Sul.

Os dados da entidade revelaram que, entre 37 nações pesquisadas, o Brasil é o País onde ter ensino superior garante a maior diferença salarial em relação ao ensino médio completo e ao incompleto.

Graduar-se numa faculdade garante ao brasileiro uma remuneração média 144% acima da dos que terminaram o ensino médio, segundo OCDE. Em comparação com os que não concluíram o ensino médio, a remuneração dos graduados é mais que o triplo (258% acima).

A vantagem obtida com um diploma de faculdade no Brasil fica muito acima da média dos países da OCDE, de 54% e 89%, respectivamente.

O estudo ainda revelou que, nos países pesquisados, a empregabilidade dos que fazem um curso superior é na média de 83% entre os mais jovens, mas supera os 90% no grupo mais maduro.

Em países como França, Alemanha e Reino Unido, os que fizeram uma qualificação geral no ensino médio chegam a ganhar de 15% a 20% mais que os de cursos profissionalizantes.

O estudo mostrou que o salário cresce mais ao longo da vida quanto maior o nível educacional. Na média da OCDE, jovens de 25 a 34 anos podem esperar um rendimento 50% maior daqui a 20 anos se concluírem a faculdade, mas apenas 20% maior se fizerem o ensino médio e 10% se não concluírem o segundo grau.

O estudo considera o rendimento bruto de trabalhadores em tempo integral e em tempo parcial, sem controlar o número de horas trabalhadas. A OCDE também ressalvou que não considera na análise a existência de serviço público gratuito.

“Os salários podem ser menores em alguns países, mas os trabalhadores podem receber educação e saúde gratuita, por exemplo”, disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.

Vantagem fora da área de formação

Além de garantir uma remuneração até duas vezes maior do que aqueles que não possuem graduação, conforme revelado por estudo da OCDE, o diploma universitário traz competitividade e proporciona mais oportunidades mesmo quando o profissional atua fora de sua área de formação.

Segundo a especialista em carreiras Gisélia Freitas, isso acontece porque o diploma universitário pesa na disputa por uma vaga de emprego, ainda que fora da área, e também é um fator que garante mais progressões dentro das empresas.

“Quando o candidato tem um diploma universitário, mesmo que não seja na área para qual quer atuar, entende-se que ele se qualificou mais, investiu em sua formação intelectual. Isso dá um ponto a mais para o profissional. Se em um processo seletivo para a mesma vaga tenho um profissional com e um sem diploma, mesmo com experiências parecidas, quem tem nível superior vai sair na frente”, disse a especialista.

Apesar disso, Gisélia alertou que o mercado de trabalho, inclusive no Espírito Santo, busca profissionais que agreguem valor.

“As empresas hoje querem pessoas que resolvam problemas. Não adianta ter um certificado bonito, se a pessoa não entrega resultado, não agrega valor, não consegue internalizar tudo aquilo que ela aprendeu”, disse.

Gisélia destacou ainda que as empresas costumam ter planos de carreira mais atrativos para os profissionais que possuem formação superior.

“Noventa e nove por cento desses planos permitem um crescimento vertical, como promoções a quem tem nível superior. Isso vai ser a base dos critérios de remuneração. O profissional sem graduação dificilmente vai crescer verticalmente, ele terá um crescimento horizontal. Isso também é uma forma de incentivar a pessoa a se qualificar mais”, finalizou Gisélia.

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Saiba mais


Pesquisa

  • A OCDE pesquisou aspectos do mercado de trabalho em seus 37 países membros, além dos países considerados emergentes: Brasil, China, Rússia, Índia, Indonésia, Argentina, Arábia Saudita e África do Sul.

  • Os dados mostraram que, entre os países pesquisados, o Brasil tem a maior diferença de remuneração entre aqueles que têm diploma de nível superior e aqueles que só concluíram o ensino médio: o salário é, em média, 144% maior.

  • Na média geral da OCDE, essa diferença ficou em 54%.

  • Em comparação com os que não concluíram o ensino médio, a remuneração dos graduados é mais que o triplo (258% acima).

Profissionalizante

  • O Brasil é o país com menor participação de estudantes em ensino profissionalizante, tema prioritário desse relatório da OCDE. São 4% dos brasileiros.

  • Considerando apenas o ensino médio, 11% dos brasileiros seguem a formação profissionalizante, contra 42% na média da OCDE.

  • Segundo o levantamento, nos países que fazem parta da organização, cresceu a porcentagem dos jovens de 25 a 34 anos que cursam uma universidade. Eles agora são 45%, contra 35% dos que tinham a mesma idade há 20 anos.

Fonte: OCDE.

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