Queixas por sumiço de dinheiro em aplicativo

| 12/08/2020, 16:00 16:00 h | Atualizado em 12/08/2020, 15:27

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-08/372x236/fernanda-nobre-b923c9110f74069d3ee0e19d85cd2cbb/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-08%2Ffernanda-nobre-b923c9110f74069d3ee0e19d85cd2cbb.jpeg%3Fxid%3D136707&xid=136707 600w, Fernanda Nobre chegou a fazer um boletim de ocorrência contra a empresa para tentar resolver a situação

Consumidores que utilizam o aplicativo PicPay para realizar transferências financeiras relataram problemas recentes, que incluem dinheiro retido ou mesmo sumiço do saldo da conta.

A fintech capixaba ganhou cerca de 7 milhões de novos usuários nos últimos dois meses, principalmente devido à movimentação de valores de benefícios como o auxílio emergencial do governo federal. Porém, segundo o Procon estadual, foram registrados 371 atendimentos relacionados ao PicPay neste ano.

A assistente administrativa Emely Nunes relata que teve problemas ao transferir o dinheiro do PicPay para a conta de um banco. “No meio da transação o dinheiro sumiu. Estamos há uma semana tentando resolver, mas eles não dão retorno adequado”.

Os usuários publicaram reclamações em redes sociais, e destacaram a dificuldade para entrar em contato com a PicPay. Foi o caso do proprietário de lan house Sandro Amaro Mendes Teixeira. “Fiquei dois meses tentando me comunicar com a empresa para recuperar o dinheiro”, explica.

Microempresária do ramo de doces, Fernanda Nobre destaca que chegou a fazer um boletim de ocorrência contra a empresa para tentar resolver a situação.

“Fiz uma transferência para minha conta corrente pelo aplicativo, mas fiquei uma semana sem o dinheiro aparecer. Nenhum dos contatos que procurava me respondiam. Foi só quando fui fazer o Boletim de Ocorrência que a empresa entrou em contato comigo e, depois de dois dias, resolveu o problema”.

O advogado especialista em direito do consumidor, Thiago Perez Moreira, explica que o usuário pode cobrar indenização. “O usuário pode entrar com uma ação em juizado especial nas pequenas causas. A responsabilidade pela falha é da empresa”.

O diretor-presidente do Procon-ES, Rogério Athayde, disse em nota que o órgão já notificou a empresa para prestar esclarecimentos e que ela está solucionando as demandas recepcionadas.

O PicPay informou em nota que o crescimento exponencial na empresa nos últimos dois meses gerou um aumento no tempo médio de atendimento e de conclusão de operações. Além disso, as equipes de relacionamento com o cliente estão dedicadas 24 horas por dia para solucionar os casos.

Falha é de comunicação, afirmam especialistas

Apesar dos problemas relatados, especialistas consideram o sistema de empresas com o PicPay como tão ou mais seguro que bancos tradicionais.

De acordo com o Mestre em Rede de Computadores João Paulo Machado Chamon, as falhas citadas são normais para novas tecnologias.

“O PicPay é uma 'fintech', uma empresa que presta serviços utilizando a tecnologia como principal ferramenta. Usar o PicPay é tão seguro quanto bancos tradicionais, que sofrem com ataques e casos de estelionato. O que falta é um canal mais efetivo de comunicação com o usuário”.

Para o economista Ricardo Paixão, a existência das fintechs é positiva para o mercado financeiro.

“Aumentar a concorrência no setor financeiro é bom para o consumidor porque causa uma redução na taxa dos juros dos bancos. Só que por ser uma tecnologia nova, acaba tendo problemas com grande demanda de uso, como é o caso atualmente. Então, criar um canal direto com o usuário para dúvidas e problemas é essencial”.


Saiba mais


O que fazer?

  • Os consumidores que tiverem problemas podem registrar a reclamação por meio do App Procon-ES (Android)ou do Fale Conosco, disponível no site www.procon.es.gov.br.

  • O atendimento presencial deve ser agendado pelos telefones 151 ou (27) 3332-2011 e (27) 3381-6236.

  • Também é possível ingressar, com ou sem advogado, com um processo nas pequenas causas no juizado especial em busca de indenização.

  • Um Boletim de Ocorrência também pode ser feito contra a empresa para cobrar o valor devido.

Fontes: Procon e advogado Thiago Moreira.

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